Comunicação Coordenada

04/11/2024 - 13:30 - 15:00
CC8.1 - Educação Permanente: perspectivas, desafios e inovações

52512 - EDUCAÇÃO PERMANENTE EM SAÚDE PARA A QUALIFICAÇÃO DAS PRÁTICAS DO AGENTE COMUNITÁRIO DE SAÚDE NO ENFRENTAMENTO DA HANSENÍASE
SÂMIA ALVES FERNANDES - UVA/ESP-VS, OSMAR ARRUDA DA PONTE NETO - UVA/ESP-VS, MYRLA SOARES AGUIAR - ESTÁCIO CEARÁ, MARIA SOCORRO CARNEIRO LINHARES - UVA


Apresentação/Introdução
No Estado do Ceará a taxa de detecção de casos novos no ano de 2019 foi de 17,25 casos por 100 mil habitantes, parâmetro “alto” de endemicidade. Nos anos de 2018 e 2019 foram notificados 3.253 casos novos da doença no estado do Ceará, sendo 128 casos em menores de 15 anos. Na Região Norte do estado, o aumento foi de 20,1% na detecção de casos no período. Já em Sobral, a taxa de detecção de casos novos no ano de 2019 foi de 40,2 casos por 100 mil habitantes, parâmetro de hiperendêmico (CEARÁ, 2021).
Neste contexto, a partir de Oliveira et al. (2018) quanto ao controle da hanseníase em âmbito municipal, faz-se necessária a atuação efetiva das equipes da Estratégia Saúde da Família (ESF), em especial dos profissionais Agentes Comunitários em Saúde (ACS), uma vez que estes atuam em contato direto e contínuo com a população, visto que por, necessariamente, residirem na mesma área que atuam, são o elo entre a equipe e a comunidade, o que os faz vivenciarem o cotidiano da comunidade, com mais intensidade facilitando a busca ativa de sintomáticos dermatológicos.
Campos et al. (2020) corroboram ao sinalizarem que os ACS são essenciais no combate da hanseníase. Sendo a educação em saúde uma possibilidade para enfrentar a hanseníase, visto a necessidade da superação dos estigmas sobre a doença e do diagnóstico precoce.

Objetivos
Teve como objetivo geral contribuir para a qualificação do processo de trabalho do Agente Comunitário de Saúde, com enfoque no enfrentamento da hanseníase na Estratégia Saúde da Família, e específicos: mapear o conhecimento prévio dos ACS sobre hanseníase; identificar as dificuldades dos ACS para o manejo da hanseníase na ESF; desenvolver Educação Permanente em Saúde com os ACS para qualificação do manejo da hanseníase na ESF.

Metodologia
Este estudo tratou-se de uma pesquisa de intervenção, realizada no período de agosto a dezembro de 2022, em um Centro de Saúde da Família (CSF), localizado no município de Sobral-CE. Os participantes foram os ACS, que a partir dos critérios de inclusão e exclusão, totalizaram 16. Para preservação das identidades dos participantes foram utilizados codinomes representando sentimentos. A intervenção foi composta por 4 etapas com os seguintes objetivos: 1) Apresentar o projeto de pesquisa aos participantes; 2) Construir o cronograma e pactuar o cronograma das entrevistas; 3) Mapear o entendimento dos participantes sobre hanseníase e identificar os desafios acerca da temática; 4) Analisar as entrevistas; fomentar o conhecimento dos ACS por meio da educação permanente. Os dados foram coletados por meio de entrevista e dos registros das informações em um diário de campo. A análise foi realizada por meio da técnica de Análise de Conteúdo que se estrutura em três fases: 1) pré-análise; 2) exploração do material, categorização ou codificação; 3) tratamento dos resultados, inferências e interpretação. A pesquisa foi aprovada no CEP, sob o parecer n° 5.405.999.

Resultados e Discussão
Os resultados foram organizados nas categorias: Compressão sobre a hanseníase pelos Agentes Comunitários em Saúde; Desafios nas práticas dos Agentes Comunitários de Saúde acerca da hanseníase; e Educação permanente como estratégia para o acompanhamento de casos de hanseníase”.
Os participantes foram caracterizados como n=15 do sexo feminino e n=1 sexo masculino, maioria na faixa etária de 40 a 60 anos e com experiência na função acima de 2 anos. Quanto a compreensão sobre a hanseníase, a maioria relatou algum conhecimento sobre a doença, todavia, relacionados a sinais como as manchas e/ou referiram que conheciam alguém com a doença. Relataram dificuldade de compreensão quanto ao diagnóstico ou tratamento. Achado semelhante foi encontrado em outro estudo (MELO et al., 2021), no qual apresentou que os ACS associam a hanseníase a sinais e sintomas dermatológicos e incapacidades, mas havendo a necessidade de aprofundamento, em questões referentes ao tratamento, transmissão e diagnóstico.
Dentre os desafios do manejo foi destacada a dificuldade de adesão ao tratamento. Esse desafio pode estar associado aos estigmas relacionados à doença (MACEDO et al, 2022). Durante a Educação Permanente instigado aos ACS a refletirem sobre suas práticas e abordado sobre o estigma da doença e importância em orientar quanto ao tratamento.

Conclusões/Considerações finais
Evidenciou-se que apesar do conhecimento prévio sobre a hanseníase, os profissionais, em alguma medida ainda tem dúvidas sobre o manejo da doença, especialmente quanto ao diagnóstico e tratamento. Além disso, apresentou-se como importante desafio a superação do preconceito que envolve as pessoas com hanseníase, sobretudo no que diz respeito aos estigmas e como isto impacta durante o tratamento.
Neste contexto, faz-se necessário que maior atenção seja dada na educação permanente em saúde desses profissionais, pois o profissional ACS tem potencial de disseminação de informações para a comunidade e contribuição para a superação dos preconceitos, uma vez que este é conhecedor da realidade do território, bem como um personagem importante dentro da sua equipe, agindo como articulador entre a equipe multiprofissional e as famílias.
Salienta-se a importância desta intervenção para o território, ao reverberar na compreensão da relevância que o papel do ACS tem na ESF e em relação à hanseníase.

Referências
CAMPOS, J. S. et al. Educação em saúde para prevenção e controle da hanseníase voltada para agentes comunitários de saúde: relato de experiência. Interdisciplinary Journal of Health Education.v.5, n.1, p.40-45, jan-Jun. 2020.
CEARÁ. Coordenadoria de Vigilância Epidemiológica e Prevenção em Saúde (COVEP). Boletim Epidemiológico. Hanseníase. Célula de Vigilância Epidemiológica (CEVEP), Ceará, 2021.
MACEDO, G. S. et al. Manejo da hanseníase na atenção primária: diagnóstico e tratamento. Brazilian Journal of Development, v.8, n.4, 2022.
MELO, N. B. et al. Avaliação do conhecimento de agentes comunitários de saúde acerca da hanseníase em um município hiperendêmico. Vittalle- Revista de Ciência da Saúde, v.33, n. 2, p:48-58, 2021.
OLIVEIRA, C. M. et al. Conhecimento e práticas dos agentes comunitários de saúde sobre hanseníase em um município hiperendêmico. Saúde em Revista. Piracicaba, v. 18, ed. 48, p. 39-50, 2018.


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