06/11/2024 - 13:30 - 15:00 CC7.5 - Saúde digital na Atenção Primária à Saúde: potencialidades, desafios e perspectivas |
53348 - CRIAÇÃO DE PROTÓTIPO DE APLICATIVO MÓVEL PARA DIRECIONAR AGENTES COMUNITÁRIOS DE SAÚDE NO ACOMPANHAMENTO ALIMENTAR INFANTIL ISABELA ARAÚJO LINHARES CASTRO - UFC, ELAINE CRISTINA JUSTINO TEIXEIRA - RENASF/UFC, PEDRO FELIPE SOUSA TEIXEIRA - IFCE, SAMIR GABRIEL VASCONCELOS AZEVEDO - UFC, TIFFANY HORTA CASTRO - UFC, FABIANE DO AMARAL GUBERT - UFC, RANIELDER FÁBIO DE FREITAS - UFC, MARIANA CAVALCANTE MARTINS - UFC
Contextualização O uso das Tecnologias de Informação e Comunicação (TICs) tem sido útil no cuidado em saúde e na comunicação entre profissional e paciente, sobretudo no que se refere à Atenção Primária à Saúde (APS). Nesse contexto, a fim de reforçar a assistência das ações e serviços de saúde relacionado ao público pediátrico, ressalta-se a relevância no uso dessas tecnologias móveis para a gestão do processo de trabalho em saúde, tal como no acompanhamento da alimentação infantil (Dienelt et al., 2020), uma vez que observa-se um aumento na prevalência de sobrepeso e obesidade nessa população, associado à insegurança alimentar e a vulnerabilidade social vivenciada no território adscrito da maioria das Unidades Básicas de Saúde (UBS) (Araújo et al., 2020). Assim, com foco de reforçar o cuidado da comunidade destacam-se os Agentes Comunitários de Saúde (ACS) enquanto profissionais que têm atuado diretamente junto às famílias, estabelecendo relações de confiança os quais tem entre suas competências o acompanhamento alimentar das crianças durante a primeira infância. Em vista disso, salienta-se a necessidade de incrementar a capacitação desses profissionais no uso de aplicativos digitais, com o intuito de incorporar na prática a melhoria do cuidado em saúde, bem como facilitar o acesso a informações baseadas em evidências científicas (Abreu et al., 2020).
Descrição da Experiência Trata-se de um relato de experiência realizado em um município do interior do Ceará durante o ano de 2023. A pesquisa ocorreu em uma UBS localizada na zona urbana com três equipes da ESF. Para a etapa de validação a amostra da pesquisa deu-se com ACSs e juízes especialistas na área de saúde da criança, totalizando 13 participantes. Quatro etapas foram desenvolvidas: revisão integrativa; grupo focal com os ACSs; desenvolvimento e validação do conteúdo e aparência do protótipo por juízes. Após a coleta, os dados foram agrupados e analisados qualitativamente e por meio do Statistical Package for the Social Sciences (SPSS) e apresentados em tabelas. Foi verificado Índice de Validade de Conteúdo (IVC) que mede o grau de concordância dos avaliadores sobre determinados aspectos instrumentais de seus itens. Com relação ao conteúdo dos grupos focais utilizou-se o método de Análise de Conteúdo proposto por Bardin (2011), que compreende um conjunto de técnicas para análise das comunicações e usa processos sistemáticos de descrição e recepção do conteúdo das mensagens. O estudo foi submetido à apreciação do Comitê de Ética e Pesquisa (CEP) e aprovado sob o parecer 5.777.544.
Objetivo e período de Realização Descrever o processo de construção de um protótipo de aplicativo móvel para auxiliar agentes comunitários de saúde no acompanhamento de ações de monitoramento nutricional de crianças na primeira infância no território, durante o ano de 2023.
Resultados Participaram do processo de validação 13 ACSs, seis juízes para validação de conteúdo e sete juízes para validação da aparência. Os ACSs participaram da construção do aplicativo por meio do grupo focal. Os resultados obtidos evidenciaram a necessidade de qualificação desse público no uso de tecnologias nas ações e serviços desenvolvidos por eles, bem como lacunas no conhecimento sobre alimentação infantil. Dessa maneira, evidencia-se uma potencialidade para elaboração do aplicativo, com destaque para informações mais acessíveis sobre introdução alimentar e uso/leitura de gráficos de peso e estatura da criança. O aplicativo então denominado “Nutrir com a Gente” foi validado com IVC global de 0,88 quanto ao conteúdo e de 0,81 relacionado à aparência. Algumas recomendações dos juízes de aparência foram uma maior interação da assistente virtual, padronização das figuras e a apresentação de uma tela para edição das informações referente às crianças. Em relação aos juízes de conteúdo, as sugestões se referiam a revisão das definições de aleitamento artificial e alimentação complementar, como também incluir mais conteúdo ao aplicativo.
Aprendizado e Análise Crítica Esses apontamentos dados pelos juízes foram essenciais para a composição do conteúdo e layout final, sendo incorporados na segunda versão do aplicativo. Logo, os resultados desse estudo indicam que o aplicativo pode intensificar a qualidade da assistência prestada pelos ACSs, além de otimizar o acompanhamento das ações voltadas à alimentação infantil durante as visitas domiciliares na Estratégia de Saúde da Família, de forma a contribuir para uma prática baseada em evidências. A partir do exposto, conclui-se que o aplicativo é uma estratégia válida e confiável que poderá guiar o ACSs no acompanhamento e orientações acerca da alimentação/amamentação de crianças de até dois anos no campo da APS. Assim, ressalta-se a relevância da construção de uma tecnologia e sua aplicação em uma cidade interiorana, distante dos grandes centros que usualmente possuem acesso facilitado à inovações desse tipo. Existem dificuldades enfrentadas pelas UBS relacionadas a captação e gerência de recursos humanos e materiais para a implementação de novas maneiras de atender a população, especialmente as de maior vulnerabilidade. Assim, justifica-se a importância de ações dessa natureza, a fim de ampliar o conceito de promoção da saúde e qualificar os profissionais de maior vínculo com o território, sobretudo as famílias com crianças menores de dois anos.
Referências ABREU, F; ZANIN, N; BISSACO, M. et al. Percepções dos agentes comunitários de saúde sobre as tecnologias de informação e comunicação na atenção primária à saúde: Uma Pesquisa Exploratória. Humanidades & Inovação, v.7, n.5, p.32–45, 2020
ARAÚJO, M; NASCIMENTO, D; LOPES, M. et al. Condições de vida de famílias brasileiras: estimativa da insegurança alimentar. Revista Brasileira de Estudos de População, v. 37, 2020.
BARDIN, Laurence. Análise De Conteúdo.São Paulo: Edições 70, 2011
DIENELT, K; MOORES, C; MILLER, J. et al. An investigation into the use of infant feeding tracker apps by breastfeeding mothers. Health Informatics Journal, v. 26, n. 3, p. 1672–1683, 2020.
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