Comunicação Coordenada

06/11/2024 - 13:30 - 15:00
CC7.5 - Saúde digital na Atenção Primária à Saúde: potencialidades, desafios e perspectivas

52977 - INFORMATIZAÇÃO NA ATENÇÃO PRIMÁRIA À SAÚDE: VIVÊNCIAS DE PEQUENOS MUNICÍPIOS POTIGUARES, NO CONTEXTO DO CUIDADO À PESSOAS COM CONDIÇÕES CRÔNICAS
UBIRATAN MATIAS DE QUEIROGA JÚNIOR - UFRN, SAMARA MEDEIROS DE ARAÚJO - UFRN, MAXSUEL MENDONÇA DOS SANTOS - UFRN, MARÍLIA JACQUELINE FERREIRA DE MOURA - UFRN, LUCIANE PAULA BATISTA ARAÚJO DE OLIVEIRA - UFRN, ANNA CECÍLIA QUEIROZ DE MEDEIROS - UFRN


Contextualização
As Condições Crônicas Não Transmissíveis (CCNTs), como hipertensão arterial e diabetes, têm grande prevalência na população brasileira, demandando acompanhamento prolongado. A Atenção Primária à Saúde (APS) é compreendida enquanto um lócus privilegiado para o cuidado desses agravos, atuando na prevenção, diagnóstico, educação e gerenciamento contínuo (Brasil, 2013).
Nessa perspectiva, o uso das tecnologias de informação possibilitam melhor gerenciamento de dados de saúde, otimizando o cuidado às Condições Sensíveis à Atenção Primária. Assim, as equipes da APS têm acesso facilitado às informações, facilitando a tomada de decisões, a identificação de complicações e a coordenação do cuidado ao longo das redes de atenção à saúde (Cardoso; Silva; Santos, 2021).
No Brasil, o Ministério da Saúde vem implementando a estratégia e-SUS Atenção Primária (e-SUS APS), para informatizar dados e processos da APS, visando a melhoria da qualidade dos serviços de saúde (Brasil, 2023).
Torna-se então importante compreender como está transcorrendo esta interface entre o cuidado às CCNTs e o processo de informatização da APS em pequenos municípios, para futuramente propor soluções adaptadas a estas realidades.


Descrição da Experiência
Trata-se de um estudo tipo relato de experiência, relativa a atividades do projeto “CUIDAR: Qualificação do cuidado integral em doenças crônicas no agreste potiguar”, realizado com o apoio da chamada CNPQ/MS/SAPS/DEPROS No 28/2020.
O projeto foi desenvolvido em municípios da V Unidade Regional de Saúde Pública (URSAP) do estado do Rio Grande do Norte. A experiência ora relatada é referente ao eixo 3 do projeto: avaliação sobre temáticas do projeto por profissionais e gestores da APS.
Para tanto, foram realizadas visitas in loco a 11 municípios (todos de pequeno porte), que participaram dos eixos anteriores do projeto. Durante a visita, em cada município, era realizada uma roda de conversa, com a participação de gestores e profissionais da APS. Para motivar e fomentar as discussões, eram apresentados gráficos com as estatísticas de saúde do município e da URSAP, disponibilizadas via SISAB, sobre atendimentos, visitas domiciliares e ações coletivas relativas às CCNTs.
Neste processo, os participantes iam partilhando e discutindo as vivências que permearam a produção das estatísticas analisadas (dados dos 3 quadrimestres de 2022 e primeiro quadrimestre de 2023). O processo de discussão foi registrado e posteriormente analisado, sendo que um dos eixos comuns identificados nesse material foi sobre os processos de trabalho relativos às CCNTs e a informatização nos serviços de saúde.


Objetivo e período de Realização
O objetivo deste trabalho é relatar os principais pontos discutidos por profissionais e gestores da APS de pequenos municípios potiguares, em rodas de conversa, no tocante à interface informatização da APS e cuidado às CCNTs. As rodas de conversa ocorreram no âmbito do projeto CUIDAR, no período de agosto e setembro de 2023, através de visitas in loco.


Resultados
Uma dificuldade comum foi a alteração de cadastro, em caso de mudança no diagnóstico de CCNTs. Por outro lado, a informatização otimizou o processo de identificação e monitoramento de duplicidades.
Uma fragilidade foi o preenchimento de campos do prontuário, como: diagnóstico/condição avaliada obesidade; registro de peso e pressão arterial de usuários, e “exame do pé diabético”. Agentes comunitários de saúde relataram não compreender completamente todos os campos dos formulários que operam.
Problemas de conectividade e falta de equipamentos de informática, especialmente em equipes da zona rural, com necessidade de registro manuscrito para posterior digitação, foram referidos. A habilitação para operar sistemas de profissionais fora da equipe mínima do ESF foi apontada como uma limitação em alguns municípios.
Profissionais e gestores identificaram discrepâncias entre registros locais e relatórios do SISAB, levando a discussões sobre o processo de registro. Eles também apontaram dificuldades em conseguir compreender todas as interfaces dos sistemas informacionais da APS, sendo que vários municípios visitados contrataram consultorias visando melhorar essa questão.


Aprendizado e Análise Crítica
Os municípios apresentaram muitos pontos de confluência em seus relatos sobre a interface interface informatização da APS e cuidado às CCNTs. Foi possível perceber a essencialidade de desenvolver formações relativas aos sistemas, com abordagens eminentemente práticas, baseadas na realidade local.
Por exemplo, a questão do baixo registro de ações coletivas levou à discussão de que muitos profissionais envolvidos nessas ações não têm habilitação para inserir informações nos sistemas, o que pode ser realizado a partir da interface da gestão. A discussão desse ponto gerou um encaminhamento que implicará em outros desdobramentos, apontados pelos profissionais, que é o melhor acompanhamento do itinerário de cuidado das pessoas com CCNTs e da comunicação das equipes.
Evidenciou-se também a questão de trabalhar a apropriação das informações pelas equipes e gestores. Municípios que conseguiam operar melhor os sistemas de informação referiam melhor entendimento e monitoramento de profissionais e gestores sobre dados relativos ao cuidado das CCNTs na APS, o que era utilizado para subsidiar atividades de planejamento.
Assim, a promoção dessas discussões locais em relação ao SIS parecem estratégias de grande valia para identificar fragilidades educacionais, sistemáticas e estruturais relacionadas à operação dos sistemas de informação, bem como à construção coletiva de soluções.

Referências
BRASIL. Ministério da Saúde. Diretrizes para o cuidado das pessoas com doenças crônicas nas redes de atenção à saúde e nas linhas de cuidado prioritárias. Brasília, DF. Ministério da Saúde, 2013.

BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção Primária à Saúde. Estratégia e-SUS Atenção Primária, 2023. Disponível em: https://sisaps.saude.gov.br/esus/. Acesso em 25 mai 2024.

CARDOSO, R. N.; SILVA, R. DE S.; SANTOS, D. M. S. Tecnologias da informação e comunicação: ferramentas essenciais para a atenção primária à saúde. Brazilian Journal of Health Review, v. 4, n. 1, p. 2691–2706, 9 fev. 2021. DOI: 10.34119/bjhrv4n1-216.

Fonte(s) de financiamento: O presente trabalho foi realizado com apoio da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior – Brasil (CAPES) – Código de Financiamento 001


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