53261 - OBSERVATÓRIOS: ANÁLISE DE ESTRATÉGIAS E FORMATOS INOVADORES DE COMUNICAÇÃO CIENTÍFICA EM SAÚDE PARA COMUNIDADES SOBRE COVID-19 MARCELE CARNEIRO PAIM - ISC/UFBA, ARTHUR LOPES - ISC/UFBA, MARIA PAULA PARANHOS CALDAS - ISC/UFBA, JÚLIA MARIA DE OLIVEIRA PEREIRA - ISC/UFBA, BRUNO LEONARDO OLIVATTO - UFBA, LUCAS IAGO MOURA DA SILVA - ISC/UFBA
Apresentação/Introdução O desafio de publicação e disseminação de evidências que colaborassem para a compreensão e controle da COVID-19 foram consideradas ações prioritárias na resposta à pandemia. Além disso, impôs novas perspectivas para a comunicação científica, na medida em que urgia a necessidade de uma comunicação clara e compreensível pelo público não especializado, sob a forma de divulgação científica (VALÉRIO; PINHEIRO, 2008).Considerando a diversidade de tecnologias da informação e comunicação que vem contribuindo com a tomada de decisão, análise e formulação de políticas públicas, examinou-se o uso de observatórios, como um dispositivo institucional para a Saúde. Apesar da escassa literatura cientifica sobre observatórios em saúde, alguns estudos apontam a sua relevância para a elaboração e acompanhamento de políticas públicas, como espaço de publicização e de participação política. (WILKINSON, 2015; PAIM;RANGEL, 2018) Em convergência com o avanço tecnológico e digital, parecem criar conexões capazes de gerar novas formas de produzir conhecimento em saúde e informações. Essa perspectiva orientou as perguntas de investigação: Os observatórios de saúde realizam comunicação de suas produções científicas com o público em geral? Quais as experiências e formatos inovadores de comunicação científica em saúde para a comunidade eles utilizaram para o enfrentamento da COVID-19?
Objetivos Geral: Analisar estratégias e formatos inovadores de comunicação científica em saúde para as comunidades. Específicos: Descrever os tipos de publicações e estratégias de comunicação científica que abordam conteúdos referentes à temática da COVID-19, presentes em um conjunto de sites de observatórios de saúde no Brasil e no mundo; Discutir experiências inovadoras dos observatórios na comunicação de ciência para as comunidades.
Metodologia A relevância das abordagens qualitativas para estudar a configuração de fenômenos, processos e instituições é ressaltada por Minayo e Sanches (1993). A pesquisa utilizou estudo de casos múltiplos com enfoque comparativo, que teve como ponto de partida uma revisão de literatura internacional sobre comunicação científica em saúde.
À luz dessa revisão e dos resultados de um estudo prévio (PAIM, 2019) que analisou conteúdo das informações em um conjunto de websites de observatórios de saúde, realizou-se uma busca exploratória para validação e atualização da seleção de observatórios de diferentes países.
Em seguida, foi realizada a análise documental dos sites a partir da aplicação do roteiro de observação técnico-comunicacional com o foco na atuação dos observatórios de saúde selecionados que realizaram a comunicação de informações confiáveis durante sobre a COVID-19 para o público em geral. Essas notas de campo foram registradas de forma a apoiar a caracterização individual e subsidiar a análise comparativa.
A análise comparativa objetivou produzir recomendações para desenvolvimento de modelos de estratégias e formatos inovadores de comunicação científica em saúde para a comunidade.
Resultados e Discussão Investigaram-se publicações e ferramentas que abordam conteúdos referentes à COVID-19 nos seguintes sites de observatórios: Bretagne/França; Europeu; RH Opas; Escocês; Astúrias/Espanha; Regiões Italianas e Análise Política em Saúde(Brasil); Observatório COVID-19 BR; Observatório COVID-19 Fiocruz e Observatório COVID-19 Universidade Federal de Pernambuco.
Os resultados indicaram a atuação dos observatórios na produção de conteúdo ao longo da pandemia, incluindo-se o surgimento dos dedicados à COVID-19.De maneira geral, notou-se a tendência de criação de seções específicas para o contexto pandêmico nos sites, as quais continham, sobretudo: divulgação de webnários, pesquisas, reuniões técnicas e notícias, boletins epidemiológicos, síntese de estudos científicos e documentos técnicos.
No que concerne às estratégias de comunicação, destacam-se a ampliação do uso de redes sociais e o compartilhamento de experiências com relatos pessoais. Tem-se ainda a produção de peças com base nas opiniões da população e inserção de ferramentas interativas atualizadas em tempo real da resposta de diferentes países à crise, o que propiciou análises comparadas.
Em que pese a utilização de linguagens variadas para comunicação com públicos diverso (uso de vídeos, fichas informativas ilustradas, infográficos e painéis interativos)foram raros os registros de iniciativas de comunicação científica em colaboração com a comunidade. Dos 10 sites analisados, apenas 02 a utilizaram.
Nesse sentido, cabe destacar o diálogo desenvolvido pelo Observatório da Fiocruz para comunicar ciência para a comunidade, com ênfase em produções coletivas de diversos formatos de materiais, como o espaço para informações da situação de saúde nas favelas, e o RADAR COVID-favelas para infovigilância de rumores nas comunidades.
Conclusões/Considerações finais As evidências demonstraram que os observatórios em saúde foram espaços de destacada atuação em meio à pandemia. Neles, foram produzidas ferramentas para acompanhamento da situação de saúde da população, houve divulgação de sínteses de achados científicos e documentos técnicos com recomendações para enfretamento da crise.
Contudo, os achados desta investigação revelaram a persistência de uma comunicação científica voltada para profissionais da saúde e gestores, dada a maior quantidade de conteúdo técnico e produzido por especialistas. Além disso, o uso das plataformas de mídia social acaba sendo de via única (one-way), com pouco espaço para interações.
Dessa forma, reforça-se a potencialidade dos observatórios para a comunicação em saúde na medida que atuam como espaços nos quais faz-se possível encontrar informações de qualidade, sobretudo em contexto de (des)infodemias. No entanto, faz-se necessário adotar uma comunicação mais dialógica e co-participativa com a população.
Referências MINAYO, M. C. S.; SANCHES, O. Quantitativo-qualitativo: oposição ou complementaridade? Cad. Saúde Pública, v. 9, n. 3, p. 239-262, jul.-set. 1993
PAIM, M.C. Observatórios: redes de informação e comunicação para políticas de saúde?” 2019. 193f. Tese (Doutorado) - Universidade Federal da Bahia, 2019.
PAIM, MARCELE CARNEIRO; SANTOS, MARIA LIGIA RANGEL. Estado da arte dos observatórios em saúde: narrativas sobre análises de políticas e sistemas. Saúde em Debate, v. 42, p. 361-376, 2018. Disponível em: https://www.scielo.br/j/sdeb/a/9vZQFrnX3x7GHFfcxCJvd3h/abstract/?lang=pt (acesso em: 10jun24)
VALERIO, P. M.; PINHEIRO, L. V. R. Da comunicação científica à divulgação. TransInformação, Campinas, 20(2): 159-169, maio/ago., 2008
WILKINSON, J. Public Health Observatories in England: recent transformations and continuing the legacy. Cad. Saúde Pública, v. 31, p. 269-276, 2015
Fonte(s) de financiamento: Edital Jovem Pesquisador da Universidade Federal da Bahia - PROPG/UFBA 007/2022
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