51963 - OBSERVATÓRIO DIGITAL NA SAÚDE DO ADOLESCENTE: ANÁLISE DAS PRINCIPAIS CAUSAS DE INTERNAÇÃO HOSPITALAR EM ADOLESCENTES DO RECIFE, PERNAMBUCO EM 2023 MARIANA DE FÁTIMA ALVES ARRUDA - UPE, THALYA THAMIRES SAÚDE SENA ALVES BERNARDO - UPE, LUANA MARIA MARTINS CABRAL - UPE, HEMYLY VITÓRIA VIERA MARINHO - UPE, LAÍS NAVARRO XAVIER - UPE, ANA CLARA SILVA CARVALHO - UPE, FÁBIO HENRIQUE CAVALCANTI DE OLIVEIRA - UPE, JOSÉ EUDES LORENA SOBRINHO - UPE
Apresentação/Introdução O surgimento e a ampliação do uso das Tecnologias de Informação e Comunicação (TICs) ao longo dos anos tem permitido a implantação de ferramentas que possibilitem monitorar indicadores, avaliar políticas e programas de saúde, consolidar bancos de dados e produzir conhecimentos. É neste contexto que surgem os observatórios de saúde, os quais são estruturados para elaborar informações que fortaleçam estratégias e ações em saúde, com publicização de dados importantes para o cuidado integral, apoiando os espaços de gestão e assistência. Assim, a alta propagação de informações através da tecnologia apresenta inúmeros aspectos positivos, dentre eles a articulação entre pesquisadores, disseminação de informações em saúde, realização de diálogo junto à sociedade e desenvolvimento de estudos com vistas a melhoria da qualidade de vida da população. Do ponto de vista da criação de observatórios em saúde do adolescente, compreende-se que visibilizar as informações sobre as condições de saúde e assim, tomar decisões, visa subsidiar o amplo acesso desta faixa etária aos serviços de saúde, associado ao 3º Objetivo de Desenvolvimento Sustentável “Assegurar uma vida saudável e promover o bem-estar para todos, em todas as idades”.
Objetivos O objetivo deste estudo foi analisar as cinco principais causas de internação hospitalar em adolescentes do Recife, Pernambuco em 2023 através do Observatório de Indicadores sobre a Adolescência (OIA).
Metodologia O estudo é parte integrante do projeto “Observatório Digital na Saúde Coletiva: indicadores de saúde e suas oportunidades”, vinculado ao Grupo de Estudo, Pesquisa e Intervenção em Saúde Coletiva da Universidade de Pernambuco. A análise crítica das informações deste estudo através do OIA consistiu na consolidação de dados do Departamento de Informação e Informática do Sistema Único de Saúde (DATASUS). A coleta foi realizada entre os meses de janeiro a abril de 2024. Para os dados de internação hospitalar considerou-se o ano de 2023. Para a sistematização dos resultados, foi elaborado um banco de dados em que a internação hospitalar foi analisada segundo ano, local de internação, faixa etária, sexo, raça/cor, Lista de Morbidade CID 10 e Autorização de Internação Hospitalar (AIH) aprovadas.
Resultados e Discussão Os resultados por faixa etária de 10 a 19 anos demonstraram que as internações mais decorrentes são: gravidez, parto e puerpério (26%); neoplasias (13,5%); causas externas (13%); doenças do aparelho digestivo (9%) e doenças do aparelho geniturinário (5%). Ao analisar a variável sexo, verificou-se que os casos ocorrem mais em meninos do que em meninas. Na variável raça/cor, têm-se um maior número de internações dos adolescentes que autodeclaram-se pardos, no entanto, ressalta-se que houve um expressivo número de casos na classificação de raça/cor sem informação. Os dados demonstraram que embora sejam registrados avanços relacionados a garantia de saúde ao público adolescente por meio de legislações, políticas e programas de saúde, as ações para este grupo etário ainda são permeadas por estratégias pontuais que focam no tratamento e na cura, apesar da cobertura de Atenção Primária à Saúde (APS). Para tanto considera-se que as internações hospitalares são pautadas por diversos determinantes, sejam individuais ou coletivos. Esses fatores impactam diretamente na disponibilidade de leitos, taxas de hospitalização e demais recursos. Quanto as cinco principais causas de internação, os resultados deste estudo corroboram com a literatura científica, que relata a gestação, as neoplasias e as causas externas como principais motivos de internamento, ocasionando, portanto, consequências econômicas, sociais, evasão escolar, riscos biológicos, sequelas e óbitos. Outro aspecto a ser debatido é a associação entre internação hospitalar e a variável raça/cor. O racismo é fator determinante para as desigualdades, colocando a população negra em situações de vulnerabilidade social, programática e individual e consequentemente, com maiores chances de adoecimento.
Conclusões/Considerações finais O Observatório de Indicadores sobre a Adolescência mostra-se como uma ferramenta fundamental para a consolidação e análise crítica do cenário da saúde do adolescente. Os resultados elucidaram que os casos estão associados às condições sensíveis à APS, a desafios quanto à implementação de ações de saúde que visem reduzir os números de internação e os fatores de desigualdade que promovem iniquidades em saúde. Assim, o OIA tem papel fundamental na elaboração de estratégias que fortaleçam o cuidado deste público, considerando os determinantes sociais da saúde, através de espaços de debate e tomadas de decisão com os profissionais de saúde e gestores do Sistema Único de Saúde.
Referências Universidade Estadual de Santa Cruz. Boletim regional de saúde do adolescente, Ilhéus, v. 4, n.9, p. 01-93, 2024.
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Fonte(s) de financiamento: Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES);
Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq).
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