51457 - BARREIRA DE COMUNICAÇÃO: UM PROBLEMA DE SAÚDE PÚBLICA NO CONTEXTO DO CUIDADO À MULHER SURDA ISADORA ARAUJO RODRIGUES - UNIVERSIDADE FEDERAL DO MARANHÃO, ALISSON SALATIEK FERREIRA DE FREITAS - UNIVERSIDADE ESTADUAL DO CEARÁ, SABRINA CRUZ DA SILVA - CENTRO UNIVERSITÁRIO CHRISTUS, ISAURA LETÍCIA TAVARES PALMEIRA ROLIM - UNIVERSIDADE FEDERAL DO MARANHÃO
Apresentação/Introdução As políticas de saúde são a totalidade de ações, metas e planos traçados para alcançar o bem-estar de uma sociedade. Nesse contexto, as políticas de saúde articulam-se buscando promover a universalidade do acesso, assim como a integralidade e igualdade da assistência em saúde em preservação da autonomia, previstos no Art. nº 198 e lei nº 8.080/1990 como princípios e diretrizes do SUS, buscando promover o acolhimento baseado nas relações de confiança para solucionar os problemas de saúde.
A realidade da saúde da mulher, apesar de politicamente asseguradas por leis e decretos, é por vezes negligenciada. Um retrato da quebra dos princípios do SUS pode ser identificado diante da assistência às mulheres surdas devido à sua condição de saúde de perda auditiva, como um problema de ordem sensorial, o que as fazem possuir uma comunicação não verbal conhecida como Língua Brasileira de Sinais.
A comunicação é vista como uma ferramenta essencial para a assistência ao paciente. No contexto da pessoa surda, torna-se instrumento básico do cuidado através da escuta ativa, sendo primordial na promoção do vínculo entre profissional-paciente.
Entendendo a existência da barreira e o impacto da comunicação exitosa no cuidado, indagou-se como a mulher surda recebe e percebe os cuidados durante a assistência em saúde.
Objetivos O presente estudo tem como objetivo compreender a percepção da mulher surda sobre as fragilidades na comunicação durante o atendimento prestado ao seu cuidado no sistema de saúde.
Metodologia Trata-se de pesquisa de campo, de caráter qualitativo, que buscou compreender a percepção das mulheres surdas acerca do atendimento de saúde, realizado durante o primeiro semestre de 2021, após aprovação pelo Comitê de Ética, com o Parecer de nº 3.851.675. Compôs-se uma amostra de 9 participantes, onde estas foram contatadas através do registro de um ambulatório de atendimentos a pessoas surdas de uma instituição de ensino superior, por meio de plataforma de mensagem virtual.
A coleta de dados aconteceu online, em plataforma virtual gravada em áudio e vídeo, sendo as falas traduzidas por um profissional tradutor e intérprete de LIBRAS/Língua Portuguesa, subsequentemente à resposta da entrevistada. Para organização e análise dos dados foi utilizado o software ATLAS.ti complementar ao uso da teoria “A representatividade do Eu na vida cotidiana”, defendida por Erving Goffman, para melhor compreensão das falas. A utilização dessa teoria deu-se por fazer uma análise teórica filosófica e sociológica acerca do comportamento da sociedade diante das circunstâncias da comunicação na vida cotidiana.
Resultados e Discussão Durante as entrevistas realizadas, foi questionado sobre as fragilidades encontradas por essas mulheres frente ao atendimento de saúde, tendo sido, sobretudo, observado aspectos da não participação ativa dessas mulheres como protagonistas do seu cuidado, sendo apontado a barreira da comunicação como maior impacto na execução do cuidado e êxito desse, havendo uma lacuna entre o vínculo da paciente e o profissional de saúde.
A comunicação é associada ao vínculo entre os indivíduos, sendo esta essencial para o êxito do cuidado ao indivíduo surdo, porém, esta ocorre terceirizada por outros indivíduos intermediadores da comunicação profissional-paciente, sendo na sua maioria os seus familiares ou amigos próximos, chegando no estado de obrigação da escolha da presença desses. A participação da família e/ou amigos como intermediadores, pode ser apontada, em parte, como negativa, comprometendo a privacidade e autonomia da mulher surda; em algumas situações, podendo provocar constrangimento e omissão de informações por vergonha à exposição; além de inibir a responsabilização do surdo sobre sua própria saúde, à medida que este transfere a outra pessoa o controle sobre as informações a respeito de si.
Ainda um grande desafio enfrentado pelas mulheres surdas abordadas é ressignificar o seu atendimento, visto que as falas demonstram que por vezes as mesmas se sentem impotentes, tristes e preocupadas por não conseguirem compreender na sua totalidade as orientações realizadas, pois estas são fragmentadas e traduzidas por um terceiro, colocando-as num lugar de vulnerabilidade e anseio por informações.
Conclusões/Considerações finais O acolhimento nas redes de atenção à saúde é indispensável para o decorrer do cuidado, estando baseado na consolidação de relações firmadas na confiança, sendo característica indispensável para sua execução, tornando-se aspecto importante para que ocorra o vínculo, contribuindo para a resolubilidade do problema, fortalecido através da comunicação, tornando-se necessário que se estabeleça um canal que permita um entendimento de ambas as partes para estabelecer um relacionamento e troca de informações seguras.
A comunicação é um instrumento decisivo na promoção de saúde através da explanação de problemas, os quais quando não compreendidos, levam ao comprometimento pela deficiência de captação das partes envolvidas, trazendo uma relação sem empatia e ausência de uma assistência terapêutica. A problematização da barreira de comunicação é devido às linguagens distintas, sendo um problema que traz impacto na gestão da saúde pública.
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Fonte(s) de financiamento: O presente trabalho foi realizado com financiamento próprio do autor.
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