50255 - ACEITAÇÃO E USO DO APLICATIVO E-SUS-TERRITÓRIO DA ESTRATÉGIA E-SUS ATENÇÃO PRIMÁRIA POR AGENTES COMUNITÁRIOS DE SAÚDE
TARCÍSIO LAERTE GONTIJO - UFSJ, RAQUEL BASSALO NEVES VILELA - PREFEITURA MUNICIPAL DE DIVINÓPOLIS, VALERIA CONCEIÇÃO DE OLIVEIRA - UFSJ, ELIETE ALBANO DE AZEVEDO GUIMARÃES - UFSJ, DARLINTON BARBOSA FERES CARVALHO - UFSJ
Apresentação/Introdução
A estratégia e-SUS Atenção Primária (e-SUS APS), implementada pelo Ministério da Saúde (MS) brasileiro, vem reestruturando a gestão da informação na Atenção Primária à Saúde1. O sistema de softwares disponibilizados por esta estratégia permite a individualização dos dados com registro clínico, integração dos diferentes sistemas de informação em saúde da APS, eliminação do retrabalho no registro dos dados com consequente informatização das Unidades Básicas de Saúde (UBS)1. A estratégia e-SUS APS disponibiliza ainda aplicativos como o e-SUS Território, objeto deste estudo, desenvolvido para informatizar o registro das atividades realizadas pelos agentes comunitários de saúde (ACS). O e-SUS Território foi desenvolvido para uso via dispositivos móveis facilitando, assim, o trabalho destes profissionais2. Vale destacar que o ACS exerce suas funções na maior parte do tempo fora da UBS. Portanto, o uso deste aplicativo tem grande potencial para impactar positivamente em seu cotidiano. Neste sentido, torna-se importante analisar fatores relacionados com a usabilidade e aceitação desta inovação tecnológica por parte dos ACS. A informatização do trabalho dos ACS, em âmbito nacional, é uma iniciativa pioneira e recente no Brasil, justificando assim, a necessidade de realização de avaliações da usabilidade e aceitação do mesmo.
Objetivos
Avaliar a usabilidade e a aceitação do aplicativo e-SUS Território da estratégia e-SUS APS por Agentes Comunitários de Saúde.
Metodologia
Estudo de método misto explanatório sequencial (QUANTI>quali)3. A abordagem quantitativa adotou delineamento transversal e na qualitativa, utilizou-se estudo descritivo exploratório tendo como modelo teórico o Modelo de Aceitação de Tecnologia (TAM)4. Na abordagem quantitativa os participantes foram ACS atuantes em uma Macrorregião de saúde de Minas Gerais. Calculou-se amostra probabilística considerando nível de confiança de 95%. Os dados foram coletados por meio de questionário on-line utilizando-se a Escala de Usabilidade do Sistema (SUS) adaptada e validada para o contexto brasileiro. Processou-se os dados com auxílio do software Stata versão 14.0. Realizou-se análise descritiva das variáveis e em seguida, calculou-se o SUS-score. Para a abordagem qualitativa a coleta de dados se deu por meio da plataforma Play Store, responsável pela disponibilização do e-SUS Território. Encontravam-se registrados nesta ferramenta 1.066 comentários de usuários do aplicativo, sendo estes comentários a base de dados para este estudo. Os dados foram organizados com a ajuda do software Open Logos. Realizou-se Análise Temática Categorial5. Este estudo foi aprovado por Comitê de Ética em Pesquisas.
Resultados e Discussão
Participaram do estudo 254 ACS, sendo a maioria do sexo feminino, cor branca e com experiência no uso do e-SUS Território maior que dois anos. O SUS-score médio obtido foi 55,3 ficando abaixo de 68 pontos conforme recomendado6. A análise individual do SUS-score identificou que maioria (49,4%) dos participantes avaliaram a usabilidade do aplicativo como aceitação marginal, 31,1% como não aceitável e 19,5% avaliaram a usabilidade como aceitável. Os usuários avaliaram positivamente o uso do aplicativo apontando que seu layout contribui com a facilidade de uso do mesmo. Identificou-se ainda que o seu uso pode agilizar a execução das atividades, permitindo a realização das atividades de forma mais rápida e organizadas. Por outro lado, alguns usuários apontaram que não identificam utilidade do uso do aplicativo além do preenchimento de alguns campos ser complexo. A variável “Achei que o e-SUS Território tinha muitas inconsistências” foi a que apresentou menor valor médio. Por meio da análise qualitativa identificou-se discursos que reforçavam este entendimento apontando que a maior inconsistência esta relacionadas à sincronização com a base de dados. Os resultados mostram que mesmo tendo sido apontadas utilidades e facilidades de uso do aplicativo e-SUS Território sua avaliação de usabilidade não se mostrou adequada, podendo assim, comprometer sua aceitação no cotidiano de trabalho. Vale destacar que o aumento expressivo da informatização nos serviços de saúde a partir da disseminação de tecnologias da informação e comunicação têm produzido grandes mudanças na produção, registro e divulgação de dados e informações no campo da saúde. É preciso destacar que alguns problemas apontados referem muito à dificuldade do ACS no manuseio da tecnologia.
Conclusões/Considerações finais
A usabilidade do e-SUS Território, a partir da Escala de Usabilidade de Sistemas (SUS), mostrou abaixo da média esperada apontando assim, problemas em sua aceitação. Vale destacar que a usabilidade deve ser melhorada com esforços dos gestores na qualificação dos ACS, especialmente buscando atender melhor as necessidades dos usuários que consideram o aplicativo com usabilidade inaceitável. É preciso melhorar a visão destes profissionais sobre sua utilidade e facilidade de uso. Dado a diversidade de contextos de uso, a adoção e aceitação de tecnologias de informação e comunicação não é uma tarefa fácil, requerendo grandes esforços dos gestores nessa empreitada. Por fim, vale destacar que são necessários ajustes nesta nova ferramenta tecnológica para correção de problemas que foram apontados, como maior autonomia no uso, melhorias na sincronização com redução de perdas informacionais, além da manutenção de um programa de qualificação e canais para saneamento de dúvidas.
Referências
1.Gontijo TL, et al. Computerization of primary health care: the manager as a change agent. Rev Bras Enferm 2021;74(2):e20180855.
2.Brasil. Ministério da Saúde. e-SUS Atenção Primária à Saúde: Manual do aplicativo e-SUS Território. Brasília: Ministério da Saúde, 2022.
3.Creswell JW. Creswell JD. Projeto de pesquisa: Métodos qualitativo, quantitativo e misto. 5a ed. Porto Alegre: Penso Editora, 2021.
4.Davis FD. Perceived Usefulness, Perceived Ease of Use, and User Acceptance of Information Technology. MIS Quarterly, 1989:13(3):319-40.
5.Bardin L. Análise de conteúdo. 4. ed. Lisboa: Ed. 70, 2018.
6.Hyzy M, et al. Escala de usabilidade do sistema Benchmarking para aplicativos de saúde digital: meta-análise. JMIR Mhealth e Uhealth 2022;10(8):e37290.
Fonte(s) de financiamento: Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de Minas Gerais - FAPEMIG
|
