Comunicação Coordenada

04/11/2024 - 13:30 - 15:00
CC7.1 - Potencialidades e desafios do Telessaúde no SUS

52649 - UTILIZAÇÃO DAS TELECONSULTORIAS EM SAÚDE BUCAL NO TELESSAÚDE BAHIA: INCORPORAÇÃO DESSA TECNOLOGIA NO PROCESSO DE TRABALHO DAS EQUIPES DE SAÚDE BUCAL
ADEILDA ANANIAS DE LIMA - UEFS, ANA AUREA ALÉCIO DE OLIVEIRA RODRIGUES - UEFS


Apresentação/Introdução
Nos últimos anos, a tecnologia da informação e comunicação (TIC) tem promovido novas formas de interação entre profissionais e pacientes, otimizando processos e expandindo o acesso aos serviços de saúde. Com esse entendimento, o Telessaúde se apresenta como uma oferta significativa no contexto da Educação Permanente em Saúde (EPS) aos profissionais de saúde, fornecendo suporte educacional e apoio à tomada de decisão clínica, por meio da Segunda Opinião Formativa (SOF). Nesse sentido, a saúde bucal (SB) tem se beneficiado dessa tecnologia, proporcionando às Equipes de Saúde Bucal (eSB) acesso à EPS sem a necessidade de deslocamento​​ (OMS, 2012; BRASIL, 2007).
No Brasil, o Programa Nacional Telessaúde Brasil Redes tem sido um importante catalisador na incorporação das Teleconsultorias, facilitando a integração dos serviços de saúde e promovendo a EPS. Esse programa visa não apenas melhorar a qualidade dos cuidados prestados, mas também apoiar à atualização dos profissionais de saúde, incluindo as eSB, que frequentemente enfrentam desafios específicos relacionados à implementação de práticas integradas e multidisciplinares​​ (BRASIL, 2012).

Objetivos
Este estudo buscou analisar a utilização das Teleconsultorias em saúde bucal do Núcleo Telessaúde Bahia, pelas eSB. Entender a visão dos profissionais sobre as Teleconsultorias como estratégia de EPS e apoio assistencial, destacando as facilidades e dificuldades na utilização deste serviço. O estudo também procura identificar se a resposta da Teleconsultoria atende à dúvida do solicitante e sugere estratégias para aprimorar este serviço para o Núcleo.

Metodologia
A pesquisa adotou uma abordagem qualitativa, de caráter analítico-descritivo. Inicialmente foram pesquisados documentos secundários, oriundos da Plataforma do TelessaúdeBA, entre janeiro de 2019 a dezembro de 2021. (Bahia, 2021). Foram elegíveis, de forma intencional ou propositiva (Bosi, 2021), os municípios de pequeno porte em que os profissionais das eSB realizaram Teleconsultoria na Plataforma e, entre estes, selecionados os 4 municípios que apresentaram o maior número de profissionais solicitantes, independentemente do número de Teleconsultorias realizadas. Critério de exclusão: municípios de médio e grande porte. Para à coleta de dados foram realizadas entrevistas semiestruturadas com 14 profissionais das eSB dos municípios selecionados, divididos em 2 grupos: 8 profissionais que realizaram Teleconsultoria e foram denominados de participantes do Grupo l e 6 que não a utilizaram e foram denominados de Grupo ll. A análise dos dados seguiu a técnica de Análise de Conteúdo Temática, permitindo identificar as percepções, experiências e sugestões dos participantes em relação ao uso das Teleconsultorias​​ (Minayo, 2007).

Resultados e Discussão
Após as entrevistas, foram identificados, inicialmente, textos, palavras e significados que apareceram de maneira recorrente nas respostas dos profissionais. Assim, o agrupamento dos temas mais abordados pelos participantes, para resposta às perguntas semiestruturadas, formou três categorias de análise, que ficaram assim definidas: Fluxo de comunicação para uso das ofertas do Telessaúde para as equipes de saúde bucal; Tecnologia digital e infraestrutura no apoio à educação permanente, e; Avaliação do serviço de Teleconsultoria em saúde bucal e sugestões de melhorias.
Os resultados indicaram que, apesar do número incipiente de solicitações de Teleconsultorias pelas eSB, os que utilizaram a Plataforma do TelessaúdeBA reconhecem seu valor como ferramenta de EPS e apoio à prática clínica. Foi identificada a dificuldade no processo de informação e comunicação às eSB, no que se relaciona às ofertas do TelessaúdeBA, para as eSB da Atenção Primária à Saúde (APS). Por conseguinte, pela maioria dos entrevistados (71%), existem entraves na divulgação das citadas ofertas, resultando, assim, em barreira para a sua utilização pelas eSB do Estado. Nos quatro municípios pesquisados, apenas um não tinha infraestrutura (computador e internet) em todas as unidades de saúde, sendo que pelas colocações de alguns entrevistados, é necessário refletir até que ponto o profissional tem conhecimento técnico para utilizar a Plataforma do Telessaúde, mesmo tendo equipamento na unidade em que trabalha. Outro resultado é que os profissionais entrevistados estão satisfeitos com as respostas enviadas, e o tempo de resposta não é um fator para produzir insatisfação, levando-se em consideração que o prazo para envio ao profissional solicitante de uma Teleconsultoria é de até 72 horas (Brasil, 2012).

Conclusões/Considerações finais
A utilização do Telessaúde pela eSB apresenta potencialidade para transformar a prática clínica e contribuir com a EPS. No entanto, é evidente que ainda existem desafios que precisam ser enfrentados para garantir a incorporação dessa tecnologia nos processos de trabalho.
Uma crítica importante que emerge deste estudo é a necessidade de uma valorização e incentivo à EPS por meio do Telessaúde. Muitas vezes, essas equipes enfrentam barreiras estruturais e culturais que dificultam a adoção de novas tecnologias. Portanto, é essencial que os gestores incentivem a utilização do Telessaúde, fornecendo recursos adequados e suporte contínuo.
Outrossim, os resultados sugerem entraves no fluxo de comunicação por falta de divulgação das ofertas para as eSB. Recomenda-se que as estratégias de divulgação sejam revisadas, com foco na aproximação com os profissionais de saúde nos serviços na APS. Outra sugestão é de fortalecimento das parcerias com as Universidades e Conselho Regional de Odontologia.

Referências
Organização Mundial da Saúde e União Internacional das Telecomunicações. Pacote de Ferramentas da Estratégia Nacional de eSaúde, 2012.
BRASIL. Ministério da Saúde. Gabinete do Ministro. Portaria nº 1.996, de 20 de Agosto de 2007. Dispõe sobre as diretrizes para a implementação da Política Nacional de Educação Permanente em Saúde.
BRASIL. Ministério da Saúde. Manual de Telessaúde para Atenção Básica / Atenção Primária à Saúde. Brasília, 2012. 123 p.
BAHIA. Núcleo Técnico Científico de Telessaúde. Tele Saúde Bucal, 2021.
BOSI, M.L.M; GASTALDO, D; Tópicos Avançados em Pesquisa Qualitativa em Saúde: Fundamentos teórico-metodológicos. Petrópolis, RJ: Ed. Vozes, 2021.
Minayo, M. C. S. (2017). Amostragem e saturação em pesquisa qualitativa: consensos e controvérsias. Revista Pesquisa Qualitativa, 5(7), 1-12.


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