Comunicação Coordenada

04/11/2024 - 13:30 - 15:00
CC7.1 - Potencialidades e desafios do Telessaúde no SUS

51670 - TELECONSULTORIAS NA ATENÇÃO PRIMÁRIA À SAÚDE (APS): UMA ABORDAGEM PARA MINIMIZAR ENCAMINHAMENTOS
GABRIELA DÁRIO MENDES BARROS - UFMG - PROGRAMA DE PÓS - GRADUAÇÃO EM SAÚDE PÚBLICA, FACULDADE DE MEDICINA, MARIANA ABREU CAPORALI DE FREITAS - UFMG - PROGRAMA DE PÓS - GRADUAÇÃO EM SAÚDE PÚBLICA, FACULDADE DE MEDICINA, LUANA DA SILVA JORGE - UFMG - NÚCLEO DE TECNOLOGIA EM SAÚDE, FACULDADE DE MEDICINA, ROSÂNGELA DURSO PERILLO - UFMG - NÚCLEO DE TECNOLOGIA EM SAÚDE, FACULDADE DE MEDICINA, ALAN CRISTIAN MARINHO FERREIRA - UFMG - PROGRAMA DE PÓS - GRADUAÇÃO EM SAÚDE PÚBLICA, FACULDADE DE MEDICINA, ALANEIR DE FÁTIMA SANTOS - UFMG - FACULDADE DE MEDICINA, DEPARTAMENTO DE MEDICINA PREVENTIVA E SOCIAL, ROSÁLIA MORAIS TORRES - UFMG - FACULDADE DE MEDICINA, DEPARTAMENTO DE CLÍNICA MÉDICA, GUSTAVO CANCELA E PENA - UFMG - FACULDADE DE MEDICINA, DEPARTAMENTO DE CLÍNICA MÉDICA, MARIA DO CARMO BARROS DE MELO - UFMG - FACULDADE DE MEDICINA, DEPARTAMENTO DE PEDIATRIA


Contextualização
Segundo o CENSO 2022, o índice de envelhecimento populacional chegou a uma razão de mais de 55 unidades. Diante da transição demográfica, o número de idosos que utilizam os serviços de saúde, e, consequentemente, a Atenção Primária à Saúde (APS), é substancial. A APS é definida como a porta de acesso aos serviços de saúde e por ser responsável pela coordenação e ordenação da rede, garante integralidade e longitudinalidade do cuidado. Entretanto, tem-se um Sistema único de Saúde (SUS) fragmentado, com falhas de acesso e qualidade dos serviços. Intensifica-se a preocupação quando é reconhecido que lacunas no acesso à APS impactam negativamente a saúde dos idosos, os quais apresentam múltiplos problemas de saúde em diversas especialidades./ Neste contexto, a telessaúde pode ser um meio potente para mitigar esse desafio. Em 2007 foi criado o Programa Telessaúde Brasil Redes, o qual oferta serviços de teleducação, telediagnóstico e teleconsultoria. A última, definida como esclarecimento de dúvidas de profissionais de saúde do serviço primário, tem evidência de eficácia em diversos aspectos, incluindo a evitação de encaminhamentos desnecessários para outros níveis de atenção. Mesmo assim, estudos mostram uma subutilização do serviço na APS. Assim, torna-se essencial abordar a temática a fim de proporcionar evidências sobre a sua eficácia e impulsionar a sua ampla adoção no SUS.

Descrição da Experiência
O Núcleo de Telessaúde da Faculdade de Medicina da Universidade Federal de Minas Gerais (NUTEL-FM) faz parte do grupo de núcleos que compõem o Programa Telessaúde Brasil Redes, e oferta serviços de teleconsultoria, teleducação e telediagnóstico para diversos municípios de Minas Gerais./ Para este trabalho, foi analisada uma amostra de 2006 teleconsultorias concluídas, cujo relatório permite avaliar a intenção de encaminhamento antes da sua realização, e a conduta final após a resposta do(a) teleconsultor(a). Esses dados referem-se ao período de janeiro de 2020 a maio de 2024, englobando seis especialidades com maior demanda e com status de concluída, sendo: cardiologia; dermatologia; gastroenterologia; hematologia; neurologia; ortopedia e traumatologia./ Em face da transição demográfica vivenciada, na qual há um aumento da utilização dos serviços de saúde, será ofertada neste resumo uma perspectiva prática sobre a importância da adoção da teleconsultoria para mitigar os desafios no acesso e na qualidade aos serviços de saúde, especialmente na atenção especializada. Acreditamos, com isso, proporcionar uma pauta de extrema importância na temática de enfrentamento das iniquidades em saúde, bem como para servir de embasamento teórico no campo científico em saúde digital.

Objetivo e período de Realização
A experiência descrita considerou os dados relativos aos anos de 2020 a 2024, sendo a análise realizada durante o mês de maio deste ano. O objetivo do trabalho foi identificar quantitativamente a eficácia das teleconsultorias na redução de encaminhamentos desnecessários da APS para os níveis secundário e terciário.

Resultados
Na análise geral das 2006 teleconsultorias selecionadas, observou-se que dos atendimentos que tinham intenção de encaminhamento, 1133 (56,48%) foram mantidos na unidade, 847 (42,22%) foram encaminhados para a atenção secundária e apenas 26 (1,30%) para a terciária./ Ao analisar os dados por especialidade, temos o seguinte: De 298 teleconsultorias de cardiologia, 160 (53,69%) permaneceram na unidade, 133 (44,63%) foram encaminhados para a atenção secundária e 5 (1,68%) para a terciária. De 697 de dermatologia, 406 (58,25%) permaneceram na unidade, 283 (40,60%) foram para a secundária e 8 (1,15%) para a terciária. De 213 de gastroenterologia, 150 (70,42%) permaneceram na unidade, 60 (28,17%) foram para a secundária e 3 (1,41%) para a terciária. De 181 de hematologia, 117 (64,64%) permaneceram na unidade, 60 (33,15%) foram para a secundária e 4 (2,21%) para a terciária. De 209 de neurologia, 100 (47,85%) permaneceram na unidade, 105 (50,24%) foram para a secundária e 4 (1,91%) para a terciária. De 408 de ortopedia e traumatologia, 200 (49,02%) permaneceram na unidade, 206 (50,49%) foram para a secundária e 2 (0,49%) para a terciária.

Aprendizado e Análise Crítica
Recursos de telessaúde como a teleconsultoria, representam uma solução escalável, que poderia ser amplamente adotada no âmbito do SUS para mitigar os desafios de acesso e qualidade dos serviços de saúde, especialmente da atenção especializada. / A experiência demonstrou que as teleconsultorias reduziram significativamente os potenciais encaminhamentos, com a maior parte dos casos permanecendo na unidade básica de saúde, especialmente em dermatologia, gastroenterologia e hematologia. Em média, pode-se dizer que a cada 10 potenciais encaminhamentos, 5 são evitados após a discussão de caso por meio da teleconsultoria. A depender da especialidade, a evitação chegou a 7 de 10 casos, como na gastroenterologia./ Esses resultados evidenciam a resolutividade das teleconsultorias na qualificação da APS, e seu potencial para a redução das demandas reprimidas por especialidades. Destaca-se, ainda, o caráter formativo das teleconsultorias, enquanto um método de educação continuada. Isso é ainda mais premente quando consideramos o contexto de envelhecimento populacional ao qual estamos inseridos, em que há uma crescente procura dos serviços de saúde. Assim, os recursos de telessaúde representam um importante recurso para enfrentar esses desafios.

Referências
BRASIL. Ministério da Saúde. Portaria Nº 35, DE 4 DE JANEIRO DE 2007. Institui, no âmbito do Ministério da Saúde, o Programa Nacional de Telessaúde.. Brasília. Ministério da Saúde, 2007.

BUOTE, R et al. Primary health care services for patients with chronic disease in Newfoundland and Labrador: a descriptive analysis. CMAJ Open. 2019;7(1):E8-E14, 2019.

GOMES, I., BRITTO, V. Censo 2022: número de pessoas com 65 anos ou mais de idade cresceu 57,4% em 12 anos. Agência de Notícias IBGE, 2023.

LUBENOW, J.A.M. et al. Access for the elderly to Primary Health Care services: an integrative review. International Archives of Medicine, v. 9, 2016.

SCHMITZ, C.A.A.; HARZHEIM, E. Oferta e utilização de teleconsultorias para atenção primária à saúde no Programa Telessaúde Brasil Redes. Revista brasileira de medicina de família e comunidade. Vol. 12, n. 39 (2017), p. 1-11., 2017.

Fonte(s) de financiamento: Secretaria de Informação e Saúde Digital ndo Ministério da Saúde (SEIDIGI) e Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior - Brasil (CAPES) – Código de Fin


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