Comunicação Coordenada

04/11/2024 - 13:30 - 15:00
CC7.1 - Potencialidades e desafios do Telessaúde no SUS

50903 - RELATO DE EXPERIÊNCIA DE RESIDENTES DE MEDICINA DE FAMÍLIA E COMUNIDADE NA TELESSAÚDE COM FOCO NA ASSISTÊNCIA INTEGRAL
JEFERSON MORAES MOTA - SESAU-CG/FIOCRUZ, ROSIANI GOMES DE SOUZA - SESAU-CG/FIOCRUZ, CAMILLA SILVA E SILVA - SESAU-CG/FIOCRUZ, EDUARDA BEATRIZ DE OLIVEIRA CELERI - SESAU-CG/FIOCRUZ, SILVIO ROBERTO DA SILVA MENEZES - SESAU-CG/FIOCRUZ, NICOLLY CURVELO FRANCO - SESAU-CG/FIOCRUZ, ANA CAROLINA SILVA - SESAU-CG/FIOCRUZ, JOSE IKEDA NETO - SESAU-CG/FIOCRUZ, ALYSSA MARIA FERNANDES SHIMIZU - SESAU-CG/FIOCRUZ, GUILHERME DA COSTA AMORIM - SESAU-CG/FIOCRUZ


Contextualização
A telemedicina, uma ferramenta essencial da telessaúde, tem como objetivo ampliar a cobertura da assistência dos serviços de saúde, por meio do uso de tecnologias de informação e comunicação. Em meados de 2003, o Ministério da Saúde criou a Política Nacional de Informação e Informática em Saúde e, com o passar do tempo, a telemedicina apresentou uma evolução significativa no Brasil. Devido aos resultados apresentados, em 2007, o MS criou o projeto piloto Telessaúde. Já em 2010, o MS objetivou equipar as Unidades Básicas de Saúde com equipamentos de informática para estabelecer a conectividade com os demais pontos de atenção integrantes da Rede de Atenção à Saúde, e através disso elaborou o componente de Informatização e Telessaúde Brasil Redes na Atenção Básica. A autorização para os médicos realizarem consultas online, assim como telecirurgias e telediagnóstico, ocorreu em fevereiro de 2019. Com a emergência enfrentada no mundo com a pandemia do coronavírus e a necessidade de isolamento e distanciamento social, a telessaúde se consolidou efetivamente no país.
No que tange à experiência em Campo Grande-MS, a teleinterconsulta foi iniciada em dezembro de 2021 na Unidade de Saúde da Família Moreninhas, com a especialidade de cardiologia e um residente do programa de residência em Medicina de Família e Comunidade (PRMFC) SESAU/Fiocruz.


Descrição da Experiência
A teleinterconsulta permitiu aos profissionais de saúde, por meio da tecnologia da informação, o atendimento de pacientes em localidades distintas. Essa característica resultou no acesso da população ao cuidado longitudinal, além de qualificar encaminhamentos da Rede de Atenção Primária para a Atenção Especializada. A experiência em Campo Grande-MS consistiu na qualificação dos residentes do PRMFC para atendimentos realizados com especialidades a partir da Unidade de Saúde da Família de referência ou da própria residência dos pacientes. As consultas foram feitas por meio de aparelhos com microfone e câmera com os especialistas da rede municipal de saúde. Assim, os médicos residentes, em encontro presencial com o paciente, realizaram consultas virtuais síncronas com as especialidades disponíveis, sendo estas a cardiologia, a nefrologia, a gastrenterologia, a psiquiatria e, mais recentemente, ofertada a fisioterapia. A operacionalização dessa modalidade de serviço consistiu, inicialmente, na detecção de pacientes elegíveis para a teleinterconsulta durante a rotina assistencial e busca ativa de pacientes em filas de espera no sistema de regulação para especialidades. Foram realizadas orientações aos pacientes sobre o serviço e documentado termo de consentimento livre esclarecimento e uso de imagem. As consultas foram agendadas e realizadas dentro de plataforma própria.

Objetivo e período de Realização
As teleinterconsultas foram iniciadas pelos residentes a partir de sete de dezembro de 2021, sendo um serviço em vigência no PRMFC de Campo Grande-MS. O objetivo do programa foi qualificar os encaminhamentos da Rede de Atenção Primária para a Atenção Especializada. Não obstante, ampliar a acessibilidade e resolubilidade da rede de saúde municipal.

Resultados
Durante o período de vigência do serviço de teleinterconsulta foram registradas 367 consultas em cardiologia, 110 em gastrenterologia, 137 em nefrologia, 210 em psiquiatria e 18 em fisioterapia. A teleinterconsulta tem o potencial de otimizar os recursos disponíveis, reduzir custos e, principalmente, melhorar os resultados de saúde da população de Campo Grande, Mato Grosso do Sul. Além disso, ocorreu a capacitação de profissionais em atendimentos remotos, incorporando essa modalidade de atendimento na carteira de serviço da Atenção Primária à Saúde do município de Campo Grande-MS. Concomitante a isso, houve o fomento para incorporação de novas especialidades médicas e de profissionais de outras categorias no serviço de telessaúde, ampliando acessibilidade, resolubilidade, e qualificação de referenciamento de paciente para outros níveis de atenção.

Aprendizado e Análise Crítica
A realização de teleinterconsultas na Atenção Primária à Saúde possibilitou um amplo campo de aprendizagem, incluindo treinamento e capacitação profissional envolvendo aspectos técnicos da tecnologia, melhores práticas para realização de consultas remotas, uso de ferramentas de telemedicina e gerenciamento de prontuários eletrônicos. Não obstante, a telessaúde permitiu a integração de conhecimentos de diferentes especialidades, ampliando a capacidade dos residentes de Medicina de Família e Comunidade de manejar casos complexos e de se atualizar frente aos últimos avanços da área de saber. Além disso, a troca de experiência entre profissionais de níveis de atenção distintos possibilitou a discussão de desafios comuns a cada esfera de atuação profissional e abordagens integradas no que diz respeito ao gerenciamento do cuidado. O paciente também foi um dos beneficiados, na medida em que participou ativamente no manejo de sua condição de saúde, passando por meio da educação sobre o processo saúde doença, resultados de exames, plano de tratamento. Os residentes integrados às ferramentas de telessaúde puderam realizar processos continuados de avaliação, identificando áreas de melhoria, por meio de feedbacks dos pacientes sobre a experiência com consultas virtuais e do feedback de outras especialidades, levando a um processo de ensino-aprendizagem mais robusto.

Referências
A teleinterconsulta no município de Campo Grande-MS representa uma estratégia importante de saúde que objetiva melhorar o acesso e a qualidade dos serviços médicos, permitindo que profissionais de saúde compartilhem informações e discutam casos clínicos à distância. Nesse contexto, ela possibilita que residentes de Medicina de Família e Comunidade realizem consultas virtuais com especialistas focais, com avaliações mais rápidas e precisas de casos complexos. Além disso, consiste em uma ferramenta de educação médica continuada, possibilitando a troca de conhecimentos e experiências entre profissionais de diferentes especialidades. Portanto, essa estratégia possibilita uma maior experiência de aplicabilidade dos residentes de Medicina de Família e Comunidade dos princípios fundamentais da Atenção Primária à Saúde, trazida por Barbara Starfield, incluindo a longitudinalidade, a integralidade, a coordenação e o enfoque comunitário.

Fonte(s) de financiamento: Particular.


Realização:



Patrocínio:



Apoio: