53640 - UM OLHAR DOS RESIDENTES EM SAÚDE DA FAMÍLIA ACERCA DO APOIO MATRICIAL EM UM MUNICÍPIO DE PERNAMBUCO ÍRIS ROSA GALDINO DA SILVA - UFPE, MARIA SILVA SOARES - UFPE, FABIANA DE OLIVEIRA SILVA SOUSA - UFPE
Contextualização O apoio matricial (AM) é considerado um importante referencial teórico metodológico para organização do processo de trabalho entre equipes multiprofissionais. A partir da definição de equipes matriciais e de referência, é possível desenvolver diversas ações de suporte técnico e pedagógico e potencializar a colaboração entre diferentes profissionais de saúde como médicos, sanitaristas, enfermeiros, psicólogos, nutricionistas, assistentes sociais e outros especialistas, para oferecer um cuidado mais abrangente e eficaz à população. O AM não apenas fortalece a capacidade resolutiva da atenção primária à saúde (APS), mas também contribui para a educação permanente dos profissionais de saúde, promovendo o compartilhamento de saberes e experiências. Além disso, ao integrar diferentes pontos de vista e expertises, possibilita uma gestão mais eficiente dos recursos disponíveis, garantindo uma atenção mais humanizada, crítica, holística e centrada nas necessidades dos usuários.
Nessa perspectiva o objetivo do trabalho é relatar a experiência de participação em algumas reuniões de apoio matricial com os profissionais da estratégia de saúde da família no município de Vitória de Santo Antão/PE.
Descrição da Experiência Trata-se de um estudo qualitativo, do tipo relato de experiência, vivenciado por residentes do programa de residência multiprofissional de interiorização de atenção à saúde (PRMIAS) do Centro Acadêmico de Vitória, Universidade Federal de Pernambuco.O referido programa é constituído por residentes de nutrição, saúde coletiva, psicologia, educação física,e enfermagem que desenvolvem suas práticas na rede de atenção básica do município de Vitória de Santo Antão. Esse relato refere-se às vivências em reuniões entre equipes eMulti e saúde da família. Os profissionais têm como sede a eMulti Militina no qual desenvolvem atividades de apoio a sete equipes de saúde da família (eSF), sendo 5 unidades situadas na zona urbana e 2 na zona rural.
Dentre as pautas tratadas nas reuniões estavam: demandas com solicitação de apoio dos profissionais da eMulti para atendimentos individuais a compartilhados, além de definição de temas para o desenvolvimento de educação em saúde nas salas de espera nas unidades, em uma das reuniões também houve a participação da Equipe do Centro de Atenção Psicossocial do município onde foi possível discutir alguns casos de usuários residentes do território. Na mesma reunião ainda foi possível discutir coletivamente sobre a importância da luta antimanicomial, e da estratégia de redução de danos junto aos usuários de álcool e outras drogas.
Objetivo e período de Realização O objetivo do trabalho foi avaliar as potencialidades e desafios do uso da ferramenta do apoio matricial para o trabalho integrado entre eMulti e eSF afim de possibilitar o cuidado integrado.
De Março a junho de 2024 já participamos de cerca de oito reuniões de matriciamento em diferentes unidades de saúde.
Resultados Tem sido possível observar que o apoio matricial é uma das ferramentas mais potentes que se tem no território para fortalecer a integração entre as equipes e orientar a organização do processo de trabalho de forma menos fragmentada, permitindo aos profissionais desenvolver um olhar mais crítico e integral em relação aos principais problemas de saúde que acometem a população. Essa integração de práticas de trabalho e troca de saberes entre os profissionais das equipes de saúde da família, multiprofissional e do CAPS causam repercussões positivas na forma de cuidar da população, fortalecendo os profissionais para uma atuação um pouco mais resolutiva e integral. Apesar do pouco tempo, também é possível identificar certa heterogeneidade na forma como as diferentes equipes compreendem e operacionalizam as reuniões de matriciamento, repercutindo em níveis diferentes de integração e compartilhamentos. Há necessidade de melhorar a estrutura física de algumas unidades e fortalecer a educação permanente em saúde junto aos profissionais.
Aprendizado e Análise Crítica
Vivenciar esses espaços de reunião tem sido uma experiência enriquecedora e também bastante desafiante. Lidar com a complexidade dos problemas de saúde na APS, com os diferentes perfis de equipes e compreensões dos profissionais de saúde é um desafio que exige disposição para dialogar e refletir permanentemente. Percebe-se a importância da implementação do apoio matricial para práticas de cuidado mais integrais e resolutivas na APS, mediante a formação de vínculos e compartilhamento de saberes e ações entre os profissionais. Ademais, a educação permanente aliada ao apoio matricial contribui para a atualização de conhecimentos e práticas dos profissionais da saúde. Diante do exposto foi possível observar a importância do apoio matricial no fortalecimento e na qualificação do trabalho na APS. É preciso ainda fortalecer esse espaço com mais atividades de educação permanente para os profissionais, com objetivo de não transformar as reuniões em uma atividade burocrática para repasse de datas, metas e dados de pacientes que precisam ser atendidos pelos profissionais da Multi. Pelo contrário, há que se fortalecer o diálogo e ampliar a participação de outras equipes da rede de atenção à saúde com o intuito de promover cuidado integral aos usuários do SUS.
Referências BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Departamento de Atenção Básica. Núcleo de Apoio à Saúde da Família / Ministério da Saúde, Secretaria de Atenção à Saúde, Departamento de Atenção Básica. – Brasília: Ministério da Saúde, 2014. 116 p.: il. – (Cadernos de Atenção Básica, n. 39)
CUNHA, G. T.; CAMPOS, G. W. DE S.. Apoio Matricial e Atenção Primária em Saúde. Saúde e Sociedade, v. 20, n. 4, p. 961–970, out. 2011.
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