Comunicação Coordenada

06/11/2024 - 13:30 - 15:00
CC4.10 - Rede de Oncologia

51519 - FORTALECIMENTO DA LINHA DE CUIDADO ONCOLÓGICO POR MEIO DO MATRICIAMENTO ENTRE HOSPITAIS: A EXPERIÊNCIA DO HOSPITAL METROPOLITANO ODILON BEHRENS
TACIANA MALHEIROS LIMA CARVALHO - PBH- SMSA- HOB, CARLOS FRANK VIANA - PBH- SMSA- HOB, DOUGLAS RESENDE - PBH- SMSA- HOB, WARLEY SILVEIRA - PBH- SMSA- HOB, YARA BARBOSA - PBH- SMSA- HOB, SUSANA MARIA MOREIRA RATES - PBH- SMSA- HOB


Contextualização
O Hospital Metropolitano Odilon Behrens (HMOB) é referência no atendimento de urgência e emergência para Belo Horizonte e outros municípios. Possui 521 leitos dedicados ao SUS sendo também hospital de ensino. Sua porta de urgência é, muitas vezes, a primeira entrada do paciente oncológico aos serviços de saúde, realidade comum a outras urgências, provavelmente, pelo processo mais facilitado de acesso à alta complexidade e hospitalização¹. A fragilidade de comunicação entre o HMOB e hospitais especializados, além da falta de protocolo para o manejo do paciente ocasionava tempo prolongado de internação além de risco de atraso do tratamento em tempo oportuno. Neste contexto, a Secretaria Municipal de Saúde e o HMOB, desenvolveram, em 2019, um modelo de cuidado por meio de matriciamente entre hospital geral e hospital oncológico, visando fortalecer a linha de cuidado para o tratamento da pessoa com Câncer. Entretanto, o projeto permaneceu incipiente e com dificuldades na implementação. Em outubro de 2023, a gestão do hospital, reconhecendo a importância do NIR não apenas no processo regulatório, mas também como apoiador na gestão do cuidado assistencial, designou o NIR-HMOB para assumir a coordenação do projeto, fortalecendo o matriciamento e as articulações de integralidade do cuidado.

Descrição da Experiência
Trata-se de projeto de fortalecimento do matriciamento oncológico por meio da atuação do NIR do HMOB. Este relato destaca o período a partir de outubro de 2023, quando o NIR assume o matriciamento e desenvove um dispositivo de acompanhamento para facilitar a integração do cuidado do paciente atendido no HMOB com um hospital onco-lógico do SUS-BH. O médico assistente do HMOB, diante de patologia/suspeição onco-lógica, preenche um documento estrutural e o encaminha para equipe oncológica de outro hospital para análise e resposta em até 48 horas. As possibilidades de resposta são: agendamento de consulta ambulatorial e/ou orientações para condução com cui-dados paliativos e/ou transferência hospitalar para continuidade do cuidado e/ou apoio na realização de propedêutica complementar, como biópsias guiadas por ultrassom. Em todas as possibilidades, a Comissão de Oncologia da SMSA acompanha o proces-so. Para monitoramento dos casos e integração da comunicação foi criado grupo de condução com médicos dos dois serviços, gerentes e responsáveis pela Oncologia no SUS/BH. Foi incorporado um enfermeiro navegador à equipe do NIR o que possibilitou busca ativa para a identificação de pacientes em rastreamento oncológico ou de alta suspeição através de participação nas corridas de leitos, pela maior integração com o setor de imagem e articulação e monitoramento do cuidado.

Objetivo e período de Realização
Apresentar o modelo assistencial de matriciamento de paciente oncológico entre o HMOB e um hospital especializado credenciado ao SUS; garantir acesso ao tratamento oncológico em tempo oportuno; otimizar os recursos disponíveis o município para a oncologia; garantir a consulta oncológica ambulatorial após a alta hospitalar; ampliar a desospitalização, acolher com humanização pacientes e seus familiares. Este relato destaca o período de outubro de 2023 até junho de 2024

Resultados
As ações implementadas possibilitaram ampliar de uma média de 2 para 55 pacientes matriciados/mês resultando na marcação média de 40 consultas/mês e de 7 transferências hospitalares/mês. Foi possível identificar as especialidades com maior prevalência de casos sendo a cirurgia geral a principal, seguida pela neurocirurgia e clínica médica. Houve uma melhoria no giro de leito destas clínicas e uma percepção de maior satisfação e vinculação do paciente oncológico. Observa-se o maior envolvimento dos profissionais médicos, uma maior agilidade do agendamento da consulta com oncologista e consequentemente, melhor tempo para o início do tratamento oncológico. Este papel assumido pelo NIR reafirmou a missão do NIR junto às equipes para o fortalecimento nos processos regulatórios mas também nos de cuidado.

Aprendizado e Análise Crítica
Este modelo é considerado um sucesso, com melhor vinculação do paciente ao hospital oncológico e melhor relação com o hospital geral. A centralização do processo no NIR é um aprendizado pois proporcionou busca ativa, envolvimento de várias especialidades e consequente aumento do número de pacientes matriciados. O fortalecimento e autonomia do NIR foi crucial para o sucesso do projeto. O enfermeiro do NIR realiza um papel central em todo processo. Ele faz a busca ativa dos pacientes durante as corridas de leito, junto ao centro de imagem do hospital e junto aos pedidos de transferências hospitalares cadastrados. Realiza a interface diária com o hospital matriciador, e monitora os pacientes pós alta hospitalar, que estão aguardando consulta oncológica. É responsável ainda por fazer uma orientação sobre o preenchimento correto da ferramenta de transferência do cuidado e participa da discussão dos casos clínicos. Todas estas ações potencializaram o modelo e permitiram este aumento das vinculações de pacientes oncológicos ao hospital matriciador. Os gargalos estão na transferência hospitalar pela eventual indisponibilidade de leito pelo hospital matriciador e algumas dificuldades de matriciamento em especialidades oncológicas como a hematologia. Com o sucesso, a proposta é expansão para outros municípios da rede metropolitana de BH.

Referências
1. Camerro, A.; Alves, E.C.; Camerro, N.; Nogueira, L.D. Perfil do atendimento de serviços de urgência e emergência. Rev Fafibe On, Bebedouro, SP, v. 8, n. 1, p. 515-524, 2015.
2. Ministério da Saúde (BR). Manual de implantação e implementação: núcleo inter-no de regulação para hospitais gerais e especializados. Brasília: Ministério da Saú-de, 2017.
3. Brasil. Ministério da Saúde. Portaria nº 874, de 16 de maio de 2013. Institui a Po-lítica Nacional para a Prevenção e Controle do Câncer na Rede de Atenção à Saú-de das Pessoas com Doenças Crônicas no âmbito do SUS. Disponível em: http://bvsms.saude.gov.br/bvs/sau-dele-. Acesso em: 05/06/2024.
4. A complexidade do cuidado em Oncologia: desafios atuais e futuros. Editorial. Acta Paul Enferm, v. 29, n. 3, mai.-jun. 2016. DOI: 10.1590/1982-0194201600034.


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