51407 - HUMANIZAÇÃO NA ATENÇÃO PSICOSSOCIAL INFANTOJUVENIL: DIMENSÕES DA PRODUÇÃO DO CUIDADO MARIA ALAILCE PEREIRA GERMANO - UNIVERSIDADE ESTADUAL DO CEARÁ (UECE), GEANNE MARIA COSTA TORRES - UNIVERSIDADE ESTADUAL DO CEARÁ (UECE), ANGÉLICA BARREIRA PINHEIRO - UNIVERSIDADE ESTADUAL DO CEARÁ (UECE), EDNAIANE PRISCILLA DE ANDRADE AMORIM - UNIVERSIDADE ESTADUAL DO CEARÁ (UECE), ANA RUTH MACEDO MONTEIRO - UNIVERSIDADE ESTADUAL DO CEARÁ (UECE), JOSÉ MARIA XIMENES GUIMARÃES - UNIVERSIDADE ESTADUAL DO CEARÁ (UECE)
Apresentação/Introdução Os Centros de Atenção Psicossocial Infantojuvenil (CAPSi) compõem a Rede de Atenção Psicossocial (RAPS), os quais se destinam ao atendimento de crianças e adolescentes com transtornos mentais graves, garantindo a integralidade e a humanização do cuidado, articulando-se com distintos serviços e recursos disponíveis no território (Brasil, 2014; Moreira; Torrenté; Jucá, 2018). A produção do cuidado nos CAPSi deve ser orientada pelo acolhimento, escuta empática, construção de vínculo, respeito às singularidades e valorização das subjetividades, que se configuram dimensões intrínsecas da humanização do cuidado à pessoa com sofrimento psíquico. O processo de cuidar em saúde mental deve ocorrer em ambiente terapêutico, com estrutura e organização capazes de favorecer bem-estar aos sujeitos envolvidos na produção de saúde, o que converge para proposta de ambiência adequada os equipamentos de saúde, propostos pela Política Nacional de Humanização (PNH). Com efeito, a humanização do cuidado requer o desenvolvimento de ambientes e processos relacionais, mediados pela comunicação, capazes de respeitar as singularidades dos sujeitos e incluir os familiares na construção de projetos terapêuticos singulares (PTS). Desse modo, a humanização do cuidado possibilita o respeito aos modos de andar a vida e potencializa a construção de projetos de vida, favorecendo a autonomia e a produção de subjetividades.
Objetivos Analisar as práticas de humanização do cuidado operadas no Centro de Atenção Psicossocial infantojuvenil do município de Fortaleza, Ceará.
Metodologia Trata-se de estudo qualitativo, com desenho geral de estudo de caso, numa perspectiva analítico-crítica. O cenário do estudo foi um CAPSi situado no município de Fortaleza, Ceará, selecionado por estar entre os dois primeiros inaugurados e se constituir campo de práticas da Universidade a qual os autores se vinculam. Participaram do estudo 02 ocupantes de cargo de coordenação, 19 trabalhadores de nível superior e 12 trabalhadores de nível médio, perfazendo 33 participantes. As informações foram apreendidas no meio de entrevistas semiestruturadas e observação livre, durante o período de julho a dezembro de 2022. A análise das informações baseou-se na hermenêutica-dialética. O projeto de pesquisa foi aprovado pelo Comitê de Ética e Pesquisa da Universidade Estadual do Ceará.
Resultados e Discussão Evidencia-se que as práticas desenvolvidas no CAPSi em estudo, orientam-se pelo modelo de atenção psicossocial territorial, com incorporação de dimensões da humanização do cuidado que corroboram para a integralidade. Nesse sentido, gestores e trabalhadores empreendem esforços para atender a demanda de crianças e adolescentes em sofrimento psíquico, por meio do acolhimento que é realizado diariamente no serviço, onde se avalia se o usuário tem perfil para atendimento no próprio CAPSi. Nestes casos, observa-se a realização da escuta às demandas e o estabelecimento de vínculo, com vista à construção do PTS. Para os demais casos, considerados que não tem perfil de atendimento no CAPSi, observou-se que são encaminhados para outros equipamentos da rede de atenção à criança. Destaca-se que a equipe multiprofissional presta cuidado mediante a oferta de ações de cunho individual, além das terapias grupais, com inclusão dos familiares na proposta terapêutica do usuário. Os resultados apontam fragilidades que comprometem a humanização do cuidado, em que as crianças e adolescentes acolhidos não tem reguarda imediata de atendimento médico nos casos de crise, pois têm-se longa fila de espera para psiquiatra. Além disso, a ambiência mostrou-se insatisfatória, considerando-se infraestrutura, disponibilidade de sinalização dos espaços e fluxos de informações oportunos. Não obstante, observou-se o esforço da equipe em assegurar o acolhimento e continuidade do cuidado, incluindo-se a articulação intersetorial, com vista a garantia do direito à saúde.
Conclusões/Considerações finais O serviço estudado promove um cuidado permeado pelo acolhimento, escuta qualificada e atenção compartilhada, com fluxos de atendimentos fundamentais para atender de forma mais digna, efetiva e resolutiva às crianças, adolescentes e suas famílias. Considera-se, então, que o serviço de saúde trabalha com práticas humanizadas e uma assistência à saúde integrada no cuidado às pessoas com sofrimento psíquico, de forma acolhedora, empática e respeitosa às suas diferenças, singularidades e subjetividades. No entanto, ressalta-se a necessidade de melhor infraestrutura e processos de gestão do cuidado, com vista a melhorar a construção e execução dos PTS, como organizador do cuidado humanizado, construído de forma coletiva e multidisciplinar a fim de garantir a atenção integral e a produção do cuidado em rede.
Referências BRASIL. Ministério da Saúde. Atenção psicossocial a crianças e adolescentes no SUS: tecendo redes para garantir direitos / Ministério da Saúde, Conselho Nacional do Ministério Público. Brasília: Ministério da Saúde, 2014. 60 p.
MOREIRA, Carolina Pìnheiro; TORRENTÉ; Mônica de Oliveira Nunes de; JUCÁ, Vládia Jamile dos. Analysis of the embracement process in a Child and Adolescent Psychosocial Healthcare Center: considerations from an ethnographic investigation. Interface (Botucatu), v. 22, n. 67, p. 1123-34, 2018.
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