Comunicação Coordenada

05/11/2024 - 13:30 - 15:00
CC4.7 - Rede de Atenção à Saúde do Idoso

51096 - A EQUIPE DE SAÚDE DA FAMÍLIA NO CUIDADO DE IDOSOS RESTRITOS AO DOMICÍLIO
HELEN VAZ DA SILVA GOMES - UFJF, LUIZ MIGUEL DE PAULA MOURA - UFJF, JÉSSICA DE CASTRO SANTOS - UERJ, ERIKA ANDRADE E SILVA - UFJF, MÁRIO CÍRIO NOGUEIRA - UFJF, SILVIA LANZIOTTI AZEVEDO DA SILVA - UFJF


Apresentação/Introdução
A Equipe de Saúde da Família (EqSF) exerce papel fundamental no acesso da pessoa idosa domiciliada à assistência integral à saúde. A Atenção Primária à Saúde (APS) é responsável por desenvolver ações de promoção e prevenção e prestar assistência integral aos usuários, além de ser a porta de entrada para o sistema de saúde. A Estratégia de Saúde da Família (ESF) é o modelo preferencial de APS no Brasil composto por equipes minimamente formadas por médicos, enfermeiros, técnicos de enfermagem e Agentes Comunitários de Saúde (ACS). Por este motivo destaca-se a importância da EqSF na realização da visita domiciliar, que é um dos melhores recursos para avaliar as condições de saúde das pessoas idosas restritas ao domicílio de forma integral, possibilitando compreender e planejar intervenções de saúde individuais levando em consideração as necessidades de saúde de cada pessoa idosa e o ambiente em que se vive.

Objetivos
O objetivo da pesquisa é caracterizar as pessoas idosas restritas ao domicílio, identificar ações realizadas pela EqSF e verificar a percepção dos atributos da APS pela pessoa idosa e seus cuidadores.

Metodologia
Estudo transversal, realizado com pessoas idosas restritos ao domicílio e seus cuidadores residentes na área de abrangência de uma UBS em Juiz de Fora/MG. A coleta de dados foi realizada no domicílio com aplicação de um instrumento estruturado pelos pesquisadores, baseado no caderno número 19 do Ministério da Saúde que versa sobre o envelhecimento da população. Também foi aplicado o PCATool-Brasil para pacientes adultos - versão reduzida que avalia os atributos da APS. A pesquisa foi realizada por dois pesquisadores treinados após o ACS ou outro profissional da EqSF indicar um meio de contato para a sensibilização sobre a participação na pesquisa. Elas ocorreram entre dezembro de 2022 e abril de 2023. A partir da concordância do idoso ou do cuidador, a entrevista foi realizada no endereço indicado, respeitando as normas de sigilo, decisão de participar ou não da pesquisa e assinatura do Termo de Consentimento Livre e Esclarecido. Quando a pessoa idosa possuía alterações cognitivas que impedissem a compreensão das perguntas, a aplicação do questionário e PCATool era realizada com o familiar/cuidador.

Resultados e Discussão
Foram entrevistadas 30 pessoas idosas restritas ao domicílio, de um universo de 52 cadastrados na UBS. Destes, 13 cuidadores/familiares foram entrevistados, devido a alguma alteração cognitiva da pessoa idosa. Perdeu-se 22 pessoas devido a falecimento, não encontrados, recusa de participar da pesquisa e pessoas restritas que não eram idosas. A média de idade foi 79,53 (±8,99) anos, maioria mulheres, casados ou viúvos. A doença crônica mais comum foi a Hipertensão Arterial presente em 86,7%. A média de tempo de restrição foi 62,10 (±44,32) maioria por condição física. Entre os avaliados, 70,0% recebem ou já receberam visita domiciliar de pelo menos um profissional e 30% nunca receberam visita domiciliar. A maioria demonstra satisfação com os procedimentos realizados pela EqSF. Percebe-se que os procedimentos de avaliação de glicemia, feridas, úlceras, Atividades de Vida Diária, mobilidade, cognição, umidade e procedimentos invasivos, além de orientações gerais sobre alimentação, mudança de decúbito e prevenção de acidentes domésticos eram realizados pelas equipes. Entretanto, muitos não tiveram continuidade do cuidado e pararam de receber visitas durante longos períodos de tempo e 30% não tiveram acesso a visitas domiciliares. Esta informação contrapõe os objetivos dos atributos da APS longitudinalidade e coordenação do cuidado, que abordam a continuidade de cuidado e a criação de vínculo entre usuário e UBS. A média do PCATool foi 4,19 (±2,56). A média dos atributos foi maior entre idosos que recebem visita 4,68 (±1,43) quando comparados aos que não recebem 3,06 (±2,67), indicando que este grupo tem melhor percepção dos atributos e qualidade da APS. O que reforça que a visita domiciliar é uma ferramenta fundamental no fortalecimento dos atributos.

Conclusões/Considerações finais
Conclui-se que a EqSF realiza os procedimentos de acordo com o preconizado pelo Ministério da Saúde. Foi observado obstáculo na continuidade do cuidado, devido a grande quantidade de interrupções de visitas. A diferença de percepção entre os usuários que recebem visita e os que não recebem demonstra a importância da visita domiciliar no cumprimento dos atributos da APS. A pessoa idosa restrita necessita que os profissionais se aproximem através da atenção domiciliar, já que não são capazes de se locomover até as unidades de saúde. Essa ferramenta possibilita a criação de vínculo e melhora a percepção sobre os serviços oferecidos (Faria et al., 2019). O estudo apresenta limitações como amostra reduzida devido ao cadastros de idosos restritos desatualizados o que reforça a necessidade de mais estudos com amostras maiores sobre o tema. A pesquisa torna-se relevante devido à escassez de literatura sobre a relação dos atributos da APS com visitas e sua relação com as ações da EqSF.

Referências
Brasil. Secretaria de Atenção à Saúde. Departamento de Atenção Básica. Envelhecimento e saúde da pessoa idosa. Brasília:Ministério da Saúde, 2006.
Brasil. Maria Cristina Hoffmann (org). Diretrizes para o cuidado das pessoas idosas no SUS: Proposta de Modelo de Atenção Integral: Brasília: Ministério da Saúde, 2014.46 p.
BRASIL. Ministério da Saúde. Manual do Instrumento de Avaliação da Atenção Primária à Saúde: PCATool-Brasil 2020. Brasília, DF: Ministério da Saúde, abr. 2020.
SILVA, C. B. et al. Atributos essenciais: fundamentalidade da avaliação para a qualidade da atenção primária à saúde. Brazilian Journal of Development v. 9, n. 2, p. 6595–6611, 6 fev. 2023.
Ursine, P. G. S.; Cordeiro, H. DE A.; Moraes, C. L. Prevalência de idosos restritos ao domicílio em região metropolitana de Belo Horizonte Minas Gerais, Brasil. Ciência & Saúde Coletiva, v. 16, p. 2953–2962, jun. 2011.

Fonte(s) de financiamento: Este estudo não recebeu nenhum tipo de financiamento externo.


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