50625 - A EXPERIÊNCIA DA ATUAÇÃO INTERPROFISSIONAL NO ESTÍMULO A AUTONOMIA DO IDOSO DURANTE AS AÇÕES DE HIGIENE BUCAL EM UMA INSTITUIÇÃO DE LONGA PERMANÊNCIA
SIMONE MARIA VASCONCELOS AMORIM - UFAL, JOSINEIDE FRANCISCO SAMPAIO - UFAL, PRISCILA NUNES DE VASCONCELOS - UFAL, AMANDA KAROL DA SILVA GENERINO - SMS DA PREFEITURA DE MACEIÓ, CAROLINA MARIA FERREIRA GOMES - SMS DA PREFEITURA DE MACEIÓ, MARIA JOSÉLIA CARDOZO DE MELO - SMS DA PREFEITURA DE MACEIÓ, SARAH LINS DE BARROS MOREIRA - SMS DA PREFEITURA DE MACEIÓ
Contextualização
O processo de envelhecimento populacional se apresenta de forma acelerada no Brasil, ocasionando alteração não apenas no perfil sociodemográfico como também no perfil epidemiológico da população. Somado a isso, fatores como baixa condição financeira e despreparo técnico têm levado cada vez mais famílias a optarem pela institucionalização de seus idosos. Uma vez institucionalizados, esses idosos são considerados fragilizados, devido a intensificação da perda da autonomia dado o nível de sedentarismo elevado, carência afetiva e incapacidades físicas e mentais. Tais limitações impactam diretamente na execução das atividades básicas da vida diária, incluindo os cuidados com a saúde bucal. Os idosos institucionalizados em geral, apresentam a higiene bucal deficiente e como consequência, uma saúde bucal precarizada. Durante as visitas rotineiras à ILPI Amigos em Ação (localizada no Bairro do Clima Bom, Município de Maceió), a odontóloga da ESF responsável pelo território pôde constatar as precárias condições de saúde e higiene bucal dos idosos residentes, e durante as ações de escovação bucal supervisionada, observou as limitações cognitivas e motoras envolvidas e que contribuem para uma prática de higiene bucal ineficiente. Assim, surgiu a necessidade de uma ação de intervenção que atuasse de forma interdisciplinar, com a inclusão da Terapia Ocupacional e Fisioterapia.
Descrição da Experiência
A intervenção foi realizada em etapas. Na primeira, a odontóloga avaliou o nível de dependência para higiene bucal dos idosos da ILPI, através da observação dos mesmos durante a realização das práticas de higiene bucal e próteses dentárias, identificando os idosos parcialmente dependentes para essa função. Na segunda etapa, as terapeutas ocupacionais realizaram teste de função manual (força da preensão e destreza manual, amplitude de movimento e coordenação motora) com os idosos selecionados, para verificar a necessidade de uso de tecnologia assistiva para adaptações nas escovas de dente e melhorar o desempenho na atividade de higiene bucal. Na terceira etapa, com auxílio de estagiárias de terapia ocupacional ocorreu a oficina de confecção das adaptações para serem acopladas nas escovas dentais. Por fim, a equipe multidisciplinar (odontóloga, terapeuta ocupacional e fisioterapeuta) retornou à ILPI em outros 04 momentos para realizar a atividade de educação em saúde bucal, visando orientar os idosos e equipe profissional da ILPI em relação ao uso das escovas adaptadas, auxiliando no posicionamento e destreza necessários para a prática de uma escovação bucal mais eficiente. Esse processo educativo também foi aplicado junto aos idosos que não necessitam de dispositivos auxiliares, a fim de trabalhar o desenvolvimento motor e cognitivo para melhorar a independência no autocuidado.
Objetivo e período de Realização
As ações aconteceram entre os meses de out./2023 e mai./2024. A intervenção teve como objetivo melhorar as condições de saúde bucal dos idosos institucionalizados a partir de ações de educação em saúde numa abordagem multidisciplinar visando o desenvolvimento das habilidades motoras e cognitivas, além de estimular a manutenção da autonomia do idoso durante as práticas de higiene bucal e de suas próteses dentárias.
Resultados
O trabalho interprofissional realizado além de propiciar a reabilitação dos idosos com algum nível de dependência, através ou não do uso de dispositivos de tecnologia assistiva (escovas adaptadas), também auxiliou no desempenho das habilidades motoras e cognitivas dos mesmos, contribuindo em geral para a melhoria das condições de higiene bucal e higienização das próteses dentárias. Faz-se pertinente ressaltar que alguns idosos ofereceram resistência, devido às condições cognitivas e mentais em que se encontram, demandando maior tempo e esforço dos profissionais envolvidos. Além disso, os momentos vivenciados serviram para que houvesse o estreitamento dos vínculos estabelecidos entre os idosos, profissionais de saúde e profissionais da ILPI, permitindo que todos se percebessem como protagonistas e corresponsáveis pelo processo do cuidado.
Aprendizado e Análise Crítica
O trabalho em equipe interprofissional demonstrou ser uma potente ferramenta para o aumento da efetividade das ações de intervenção de promoção em saúde, pois propiciou a integração e compartilhamento de ações e saberes, contribuindo para um processo de promoção e educação em saúde mais eficiente, pautado na integralidade e no cuidado compartilhado. A adesão da eMulti e sua atuação enquanto apoio matricial mostrou ser um diferencial relevante para que a experiência se tornasse exitosa, ressaltando que o comprometimento da equipe interprofissional em todo o processo (do planejamento à implementação) resultou em ações mais eficazes e resolutivas. Ademais, é necessário atentar-se ao fator longitudinalidade do cuidado, que implica na continuidade da oferta do serviço, garantindo, desta forma, que o resultado seja de fato permanente, haja vista as alterações surgidas tanto em relação a substituição de profissionais da ILPI (que vem a ser um dificultador, demandando a constante qualificação destes profissionais), quanto a rotatividade dos idosos residentes na instituição. A escassez de recursos se fez um nó crítico importante, limitando as possibilidades das ações reabilitadoras, o que evidencia a necessidade de mais investimentos da gestão em políticas públicas que contemplem essa parcela da população idosa tão invisibilizada e por vezes, negligenciada.
Referências
ALVES, M. A. et al. Ações desenvolvidas por cuidadores de idosos institucionalizados no Brasil. Av Enferm., 2018; v. 36, N.3, p. 273-282.
FERREIRA, Raquel Conceição et al. A tecnologia assistiva na reabilitação para os cuidados bucais: casos de idosos com história de Hanseníase. Belo Horizonte: FOUFMG, 2017. 98 p.
LIMA, V. S. et al. Estado cognitivo e funcional de idosos institucionalizados de Maceió, Alagoas, Brasil. Rev. Portal Saúde Soc., 2022; v. 7(único), e02207002. DOI:10.28998/rpss.e02207002. Acesso em 10 set 2023.
TAVOLARI, C. E. L.; FERNANDES, F.; MEDINA, P. Saúde bucal de idosos restritos ao domicílio: estudo descritivo de uma demanda interdisciplinar. Physis, V.18, N.1, P. 61-75.
VERAS, R. P.; OLIVEIRA, M. Envelhecer no Brasil: a construção de um modelo de cuidado. Ciênc. Saúde Colet.,v. 23, n.6, jun. 2018. Disponível em: https://doi.org/10.1590/1413-81232018236.04722018. Acesso em 05 jun. 2024
Fonte(s) de financiamento: FINANCIAMENTO PRÓPRIO
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