Comunicação Coordenada

05/11/2024 - 13:30 - 15:00
CC4.6 - Enfrentamento de epidemias: experiências e desafios

53908 - ESTRATÉGIA DE FORTALECIMENTO DO COMBATE À DENGUE: IMPLEMENTAÇÃO E OPERACIONALIZAÇÃO DE DRONES NA CAPITAL PAULISTA
ISADORA PATO ABAD BARBOSA - COVISA/SMS/PMSP, ANA FLÁVIA MARINHO DA SILVA - COVISA/SMS/PMSP, LUIZ ARTUR VIEIRA CALDEIRA - COVISA/SMS/PMSP, EDUARDO DE MASI - COVISA/SMS/PMSP


Contextualização
As arboviroses, doenças virais transmitidas por vetores artrópodes, representam um grave problema de saúde pública. No Município de São Paulo (MSP), o cenário epidemiológico é marcado pela circulação de doenças como dengue, chikungunya e doença aguda pelo vírus Zika (DAVI). A propagação dessas doenças se intensifica devido a fatores como crescimento populacional, iniquidades sociais, urbanização exacerbada e mudanças climáticas.

O cenário epidemiológico da dengue no MSP em 2024 é preocupante. No ano de 2015, que registrou a maior incidência de dengue no MSP, foram notificados 146.781 casos, com 103.186 deles confirmados. Os números de casos notificados e confirmados nos primeiros meses de 2024 já ultrapassam os registrados no mesmo período de 2015. Esta situação crítica culminou no Decreto Municipal 63.266/2024, que declarou estado de emergência em saúde pública em resposta à epidemia.

Diante deste cenário, os processos de trabalho de vigilância em saúde foram revisados e fortalecidos, e uma nova estratégia foi adotada para aprimorar o controle do Aedes aegypti. A estratégia incorporou o uso de drones aplicadores de larvicidas, oferecendo uma intervenção mais eficaz, especialmente em focos situados em áreas de difícil acesso. A implementação de novas estratégias é essencial para assegurar a qualidade dos serviços de saúde, bem como a integração das ações nos territórios.

Descrição da Experiência
Este relato de experiência descreve a implementação da estratégia inovadora que utiliza drones para aplicar larvicidas, com o objetivo de intensificar o combate aos focos larvários e reduzir a população do mosquito Aedes aegypti.

Amparada pela AIC N° 23/18 do Ministério da Defesa, que autoriza o uso de aeronaves remotamente pilotadas (RPAS) por órgãos governamentais em atividades de saúde pública, como o combate a endemias, foi realizada a contratação emergencial de uma empresa especializada para utilização de drones em locais de difícil acesso, como imóveis fechados ou abandonados, pontos estratégicos, e reservatórios de água destampados.

Para essa operação, foram contratados cinco RPAS da Classe 3, registradas na Agência Nacional de Aviação Civil (ANAC) para uso profissional. Eles foram distribuídos regionalmente, cobrindo as áreas Norte, Sul, Leste, Sudeste, além de um dedicado às regiões Centro e Oeste.

As 28 Unidades de Vigilância em Saúde (UVIS) identificam semanalmente locais para as operações. Após a consolidação dos endereços, o ponto focal da Coordenação de Vigilância em Saúde (COVISA) finaliza o cronograma de ações e registra as operações no Departamento de Controle do Espaço Aéreo (DCEA), sistema responsável pela liberação de voos. Em seguida, essa relação é encaminhada para as UVIS, a empresa responsável pelos drones e a Companhia de Engenharia de Tráfego (CET).

Objetivo e período de Realização
Este relato de experiência tem como objetivo descrever o processo de implementação da nova estratégia de uso de drones como ação complementar ao Sistema Municipal de Vigilância em Saúde para aprimorar o controle do Aedes aegypti. O período de implementação ocorreu entre março e junho de 2024.

Resultados
A implementação desta estratégia foi articulada utilizando ferramentas de controle e programação de atividades. Foi criada uma pasta compartilhada para que cada UVIS pudesse registrar suas ações, permitindo o gerenciamento pelo ponto focal da COVISA. As planilhas de controle foram estruturadas em duas partes: cronograma de atividades e relatório de operações.

Para melhor regionalizar esse processo, foram realizadas reuniões técnicas e operacionais com a participação da empresa contratada, da CET e das UVIS. O propósito foi fortalecer o acompanhamento e a execução das ações, garantindo que pudessem ser ajustadas de acordo com as necessidades identificadas.

Além disso, foi iniciado o desenvolvimento do “DroneDengue - Sistema de Gestão dos Drones”, voltado para os servidores das UVIS e os gestores da COVISA. Este sistema permitirá o registro e a gestão das informações geradas, oferecendo funcionalidades como: Solicitação de Drone; Controle de Agenda; Monitoramento das Ações: para acompanhar e controlar o progresso das operações com os drones.

Até o início de junho, realizamos 1.362 aplicações de larvicida, com 3.157 endereços solicitados e 559 agendados.

Aprendizado e Análise Crítica
Os resultados alcançados mostram avanços nas políticas públicas municipais e na prestação de serviços à população, refletindo o compromisso da prefeitura. A estratégia possibilitou uma abordagem mais dinâmica e coordenada, fortalecendo a capacidade de combate às doenças transmitidas por vetores.

A continuidade e o aperfeiçoamento dessa estratégia visam reduzir a incidência das doenças e melhorar a qualidade de vida da população. A resposta municipal se torna cada vez mais eficaz, baseando-se em evidências e na integração de tecnologias inovadoras.

Espera-se que, ao dar continuidade a esse processo e buscar aprimoramentos contínuos, a resposta municipal às arboviroses seja cada vez mais eficaz e eficiente. A abordagem coordenada, somada à padronização dos planos regionais, à colaboração intersetorial e ao acompanhamento constante, contribui para uma melhor qualidade de vida da população e do fortalecimento das ações de vigilância no MSP.

Referências
Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria de Vigilância em Saúde. Departamento de Imunização e Doenças Transmissíveis. Plano de contingência para resposta às emergências em Saúde Pública por dengue, chikungunya e Zika [https://encurtador.com.br/vPXY9]. Brasília: Ministério da Saúde, 2022

BRASIL. Ministério da Defesa. AIC N° 23/18. Brasília, DF, 2018. Disponível em: < chrome-extension://efaidnbmnnnibpcajpcglclefindmkaj/https://www.pilotopolicial.com.br/wp-content/uploads/2017/12/aic-n_23_20180102.pdf >.

PREFEITURA DO MUNICÍPIO DE SÃO PAULO. Plano Municipal de Enfrentamento da Dengue e Demais Arboviroses 2023/2024. São Paulo, 2023. Disponível em: < https://www.prefeitura.sp.gov.br/cidade/secretarias/saude/vigilancia_em_saude/doencas_e_ag ravos/index.php?p=343825>.

WILDER-SMITH, A., et al. Dengue tools: innovative tools and strategies for the surveillance and control of dengue. Global Health Action, v. 10, n. 1, p. 1260274, 2017.  


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