53427 - A MAIOR EPIDEMIA DE DENGUE DA HISTÓRIA: A RESPOSTA RÁPIDA E RESOLUTIVA DE BELO HORIZONTE PARA SALVAR VIDAS RENATA MASCARENHAS BERNARDES - SMSA/PBH, ANDRÉ LUIZ DE MENEZES - SMSA/PBH, PAULO ROBERTO LOPES - SMSA/PBH, JULIANA DE CARVALHO BRITTO RODRIGUES - SMSA/PBH, FERNANDA VALADARES COUTO GIRÃO - SMSA/PBH, RAQUEL FELIZARDO ROSA - SMSA/PBH, DANILO BORGES MATIAS - SMSA/PBH, NATALIA PONTES DE ALBUQUERQUE - SMSA/PBH, EDUARDO VIANA VIEIRA GUSMÃO - SMSA/PBH, ANA EMÍLIA DE OLIVEIRA AHOUAGI - SMSA/PBH
Contextualização Considerando o contexto da emergência de saúde pública por arboviroses no município de Belo Horizonte no ano de 2024, com a elevação importante do número de casos nas sucessivas semanas epidemiológicas e a circulação simultânea dos vírus dengue e chikungunya no município, foi percebido por meio do monitoramento contínuo que o número de casos em 2024 superou o limite de toda a série histórica, ultrapassando o ponto máximo da curva de 2016, que foi a maior epidemia de dengue até então vivenciada. Somente na primeira quinzena de janeiro, evidenciamos aumento de aproximadamente 573% dos casos de arboviroses, o que denota a enorme pressão assistencial sofrida pelas portas da urgência e toda a rede de atenção primária do município.
Considerando a susceptibilidade da população Belo Horizonte principalmente ao vírus chikungunya e demais sorotipos DENV2 e DENV3, bem como a infestação do vetor Aedes aegypti, foi necessário o uso de métodos de monitoramento e intervenção para contingenciamento dessas arboviroses urbanas a fim de mitigar essas emergências de saúde pública.
Por isso, a Prefeitura de Belo Horizonte, por meio da Secretaria Municipal de Saúde - SMSA, desenvolveu o Plano de Enfretamento as arboviroses, com medidas para o atendimento adequado e em tempo oportuno. As ações implantadas mostraram a eficiência do serviço de saúde de Belo Horizonte e o compromisso em salvar vidas.
Descrição da Experiência O Plano de enfrentamento das arboviroses teve como premissa a articulação em rede, com implantação de novos serviços, reorganização assistencial e teleatendimento. Além disso, foi realizado incremento e ampliação de carga horária de profissionais nos serviços já existentes, publicações de notas técnicas com a qualificação profissional para o manejo clinico das arboviroses. Foi necessário estudo para o aumento de insumos e materiais, organização da logística de transporte de exames laboratoriais e ampliação da frota do transporte em saúde e SAMU. O município já trabalhava com indicadores de infestação do vetor, notificação de casos e de atendimentos para avaliar a pressão assistencial por arboviroses nos Centros de Saúde e Unidades de Pronto Atendimento, além do número de internações em Hospitais. Estes indicadores apoiaram o processo de decisão acerca do incremento de ações e de recursos humanos para ofertar tratamento adequado reduzindo a morbimortalidade. No final de janeiro de 2024, iniciou a abertura de Centros de Saúde nos finais de semana para a ampliação do acesso. No mês de fevereiro foi implantado o primeiro Centro de Atendimento as Arboviroses no município. Além disso, foi implantado Unidades de Reposição Volêmica, abertura de Hospitais Provisórios e de Campanha. As ações da equipe de zoonoses foram reforçadas e também de educação em saúde.
Objetivo e período de Realização Implementar estratégias eficazes para a prevenção, controle e manejo das arboviroses, reduzindo a incidência, morbidade e mortalidade associadas a essas doenças em 2024.
Fortalecer a Vigilância Epidemiológica.
Intensificar as Ações de Controle Vetorial.
Garantir a Assistência Adequada aos Pacientes.
Promover a Coordenação Intersetorial.
Melhorar a Comunicação e a Educação em Saúde.
Período de realização: Novembro de 2023 a maio de 2024.
Resultados Mais de 2.000 profissionais contratados para reforçar os serviços assistenciais para a diminuição no tempo de espera por atendimento
Implantado 4 Centros de Atendimento a Arboviroses (CAA) o que fornece tratamento especialização e diagnóstico rápido das arboviroses. Foram realizados mais de 20.965 atendimentos.
Implantado 4 Unidades de Reposição Volêmica (URV) com melhoria no manejo dos casos graves, reduzindo complicações e mortalidade.
02 Hospitais Temporários e 01 Hospital de Campanha com 112 leitos de internação abertos nestes hospitais, com aumento significativo na capacidade de atendimento, aliviando a sobrecarga das unidades permanentes.
Mais de 35.000 atendimentos das demandas de arboviroses nos finais de semana pelos Centros de Saúde com 98,73% de resolutividade o que aumentou a acessibilidade e a eficiência do atendimento, mesmo fora dos horários tradicionais.
Mais de 2.432 profissionais da APS qualificados para lidar com a alta demanda e complexidade dos casos com 40 materiais informativo de arboviroses publicados.
Mais de 357.649 atendimentos realizados pelos centros de saúde em dias de semana com manutenção da continuidade do cuidado e capacidade de resposta eficaz.
Aprendizado e Análise Crítica O Plano de Enfrentamento das Arboviroses trouxe resultados expressivos para Belo Horizonte. A implantação de novos serviços foi essencial para evitar o colapso do sistema de saúde. A contratação de mais de 2.000 profissionais garantiu a continuidade dos serviços, ampliou acesso e melhorou significativamente a gestão dos casos graves. A abertura de centros de saúde nos finais de semana para a ampliação dos atendimentos e apoio as unidades de pronto atendimento, resultou em mais de 35.000 atendimentos com 98,73% de resolutividade. A capacitação dos profissionais da Atenção Primária à Saúde (APS) e Unidades de Pronto Atendimento (UPA) melhorou a assertividade no manejo clinico e diminuição dos desfechos desfavoráveis. Os principais aprendizados incluem a importância de uma rápida resposta do sistema público de saúde, processos ágeis de contratação, programas contínuos de capacitação e uma logística eficiente. Além disso, o equilíbrio da carga de trabalho dos profissionais de saúde e campanhas informativas eficazes são cruciais. A experiência destaca a necessidade de uma gestão flexível, eficiente e adaptativa para enfrentar emergências, garantindo a saúde e o bem-estar da população.
Referências WHO (2017). Dengue: Guidelines for Diagnosis, Treatment, Prevention, and Control. World Health Organization.
Ministério da Saúde. (2019). Guia de Vigilância em Saúde: Volume Único. Secretaria de Vigilância em Saúde.
CDC (2020). Dengue and Other Arboviral Diseases: 2020 Case Definition. Centers for Disease Control and Prevention.
Ministério da Saúde. (2019). Plano de Contingência para Epidemias de Dengue, Chikungunya e Zika. Brasília: Ministério da Saúde
Fonte(s) de financiamento: SMSA/PBH
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