52689 - FERRAMENTA DE FOMENTO À LINHAS DE CUIDADO À OBESIDADE NA ATENÇÃO BÁSICA: UM RELATO DE EXPERIÊNCIA UBIRATAN MATIAS DE QUEIROGA JÚNIOR - UFRN, NEYNA SANTOS MORAIS - UFRN, GRACIELLE RAISSA FERNANDES DAMASCENO - UFRN, MARÍLIA JACQUELINE FERREIRA DE MOURA - UFRN, ADRIANA GOMES MAGALHÃES - UFRN, ANNA CECÍLIA QUEIROZ DE MEDEIROS - UFRN
Contextualização O excesso de peso é uma condição que atinge mais da metade dos adultos brasileiros. A obesidade é considerada uma Condição Crônica Não Transmissível (CCNT), cuja prevenção, diagnóstico e acompanhamento se dá prioritariamente no âmbito da Atenção Primária à Saúde (Brasil, 2022).
Outrossim, para contemplar a integralidade do cuidado e o atendimento às diversas necessidades das pessoas com obesidade, os fluxos assistenciais são pensados no âmbito das Redes de Atenção à Saúde das Pessoas com Condições Crônicas (RAPCC). Por conseguinte, as Linhas de Cuidado (LC) são estratégias para que gestores, profissionais de saúde e usuários consigam vislumbrar e articular como se dará o cuidado, direcionando os caminhos que serão percorridos dentro das Redes de Atenção (Brasil, 2013a).
Desde 2013 o Ministério da Saúde do Brasil estabeleceu as diretrizes para LC à obesidade no adulto (LCOb) (Brasil, 2013b), no âmbito da RAPCC. Desse período até agora, diversos documentos e iniciativas foram sendo desenvolvidas para que municípios e estados desenvolvam e implementem suas LCOb, uma realidade ainda em construção.
Nesse cenário, a tradução do conhecimento é uma abordagem que pode auxiliar no sentido do desenvolvimento de ferramentas para tornar as informações das diretrizes técnicas sobre as LCOb em práticas mais aplicáveis, contribuindo para sua implementação pelos profissionais da APS.
Descrição da Experiência Trata-se de um estudo do tipo relato de experiência, sobre uma atividade desenvolvida pelo projeto “CUIDAR: Qualificação do cuidado integral em doenças crônicas no agreste potiguar”, realizado com o apoio da chamada CNPQ/MS/SAPS/DEPROS No 28/2020.
Inicialmente foi realizado o levantamento, leitura e avaliação das últimas versões disponíveis de documentos oficiais relativos à LCOb, de modo a mapear pontos relevantes. A seguir, os pontos mapeados foram discutidos pela equipe do projeto, de modo a situar sua relevância no contexto da APS da V Unidade Regional de Saúde Pública (URSAP) do estado do Rio Grande do Norte, local no qual se desenvolveu a atividade.
Como passo seguinte, foi a transposição do conteúdo para o formato de fluxograma, utilizando o software LucidChart. A primeira versão foi apresentada para a equipe do projeto, discutida e encaminhada para aperfeiçoamento. O processo se repetiu, culminando com a criação de uma quarta versão, aprovada pela equipe.
A seguir, o fluxograma foi analisado e aprovado por três profissionais que atuavam na APS (em outra URSAP) e tinham experiência no cuidado à obesidade. Os profissionais consultores avaliaram a compreensão e aplicabilidade do instrumento.
Finalmente, a ferramenta desenvolvida foi utilizada em uma formação sobre cuidado às pessoas com obesidade, realizada com profissionais da APS vinculados à V URSAP.
Objetivo e período de Realização O objetivo deste trabalho é relatar a experiência do desenvolvimento de uma ferramenta tipo fluxograma, em consonância com as normativas sobre Linha de Cuidado à Obesidade no adulto, com o intuito de auxiliar os profissionais da APS na implementação dessa estratégia. As atividades foram realizadas no segundo semestre do ano de 2022.
Resultados A ferramenta desenvolvida foi avaliada como de fácil compreensão e utilização, tanto pelos profissionais consultores quanto pelos participantes das formações.
O fluxograma foi pensado com o intuito de ser uma ferramenta para auxiliar as equipes da APS a avaliarem sua atuação à luz do que é preconizado na LCOb, facilitando a identificação de fragilidades e norteando a tomada de decisões relativas aos procedimentos para implementação da LCOb.
O instrumento apresenta um formato sintético, que ocupa 1 lauda de folha A4. O design apresenta poucos elementos distratores e os grupos de informação são sinalizados pelas cores das caixas de texto.
Os aspectos abordados incluem: realização do diagnóstico; avaliação de fatores causais; registro de informações no prontuário eletrônico; atribuição do CID; identificação e orientação sobre fatores de risco, bem como dificuldades que impossibilitam essas ações.
O fluxograma também contempla as condutas adotadas para o cuidado ao sobrepeso e obesidade, incluindo a abordagem inicial, frequência de encontros, encaminhamentos e contra referência. Para obesidade grave, avalia o encaminhamento para cirurgia bariátrica e o acompanhamento pós-operatório.
Aprendizado e Análise Crítica O fluxograma desenvolvido foi avaliado como uma ferramenta que “traduziu” de forma mais palpável a LCOb para os profissionais da APS, tendo potencial de contribuir para a melhoria das práticas de cuidado direcionadas às pessoas com obesidade.
O preenchimento da ferramenta fornece informações que ajudam a compreender como está transcorrendo o processo de cuidado à obesidade, bem como fornece “pistas” de como esse processo pode ser melhorado. Para tanto, a indicação é que o fluxograma seja preenchido pela equipe, de forma conjunta, fomentando o compartilhamento dos saberes relativos às trajetórias de cuidado.
O formato fluxograma, bastante utilizado em tradução do conhecimento, simplifica a visualização de processos, facilitando sua aplicação e compreensão. Ainda, o preenchimento do fluxograma pela equipe da APS pode ser entendido enquanto um gatilho desencadeador para mudanças no processo de trabalho.
Frente a essas reflexões, durante os momentos formativos foi possível perceber que o instrumento foi útil para as equipes de saúde situarem sua atuação no âmbito da LCOb. Os profissionais conseguiram vislumbrar fragilidades, identificar prioridades e propor ajustes aos processos vigentes, no contexto de seus territórios.
A experiência valida e reforça a importância de iniciativas no âmbito da tradução do conhecimento para qualificação da Atenção Primária à Saúde.
Referências Brasil. Ministério da Saúde. Manual de atenção às pessoas com sobrepeso e obesidade no âmbito da Atenção Primária à Saúde (APS) do Sistema Único de Saúde [recurso eletrônico]. Brasília, DF. Ministério da Saúde, 2022.
Brasil(a). Ministério da Saúde. Diretrizes para o cuidado das pessoas com doenças crônicas nas redes de atenção à saúde e nas linhas de cuidado prioritárias. Brasília, DF. Ministério da Saúde, 2013.
Brasil(b). Ministério da Saúde. Portaria nº 424, de 19 de março de 2013. Redefine as diretrizes para a organização da prevenção e do tratamento do sobrepeso e obesidade como linha de cuidado prioritária da Rede de Atenção à Saúde das Pessoas com Doenças Crônicas. Diário Oficial da União. 19 Mar 2013.
Fonte(s) de financiamento: O presente trabalho foi realizado com apoio da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior – Brasil (CAPES) – Código de Financiamento 001
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