51115 - MODELAGEM SISTÊMICA DO CUIDADO DA TUBERCULOSE NA ATENÇÃO PRIMÁRIA À SAÚDE: BASE PARA EDUCAÇÃO PERMANENTE PATRÍCIA BARBOSA PEIXOTO DUROVNI - IESC/UFRJ, REJANE SOBRINO PINHEIRO - IESC/UFRJ, LUIS CARLOS DE SÁ CARVALHO - PUC-RIO, NEIDE EMY KUROKAWA E SILVA - IESC/UFRJ
Apresentação/Introdução A atenção à tuberculose (TB) é um objeto complexo devido aos seus condicionantes e determinantes, e a doença representa a segunda maior causa infecciosa de óbito no mundo, só tendo sido superada pela COVID-19. A descentralização do cuidado às pessoas com TB para a Atenção Primária à Saúde (APS) apresenta a possibilidade de uma atenção por equipes multiprofissionais de saúde, voltada às necessidades dos indivíduos e comunidades, longitudinal e realizada no território. Contudo, os resultados indesejados deste cuidado: as interrupções e falência de tratamentos, óbitos por TB permanecem elevados e a proporção de cura da doença ainda não atinge os 85% de casos preconizados pela OMS e Ministério da Saúde.
Objetivos O objetivo deste estudo foi, a partir da elaboração de um modelo sistêmico que retrata o cuidado à TB na APS, identificar como ainda não se consegue reduzir os resultados desfavoráveis do tratamento a um nível aceitável, a despeito de muitas estratégias de ajuste e aperfeiçoamento do sistema "Cuidado à TB na APS" já empregadas. A partir do modelo obtido, são propostas intervenções segundo a governabilidade dos envolvidos.
Metodologia Pesquisa de abordagem qualitativa baseada na Metodologia Sistêmica para a Ação (MSA), orientada à intervenção, através da elaboração de modelo composto por subsistemas e relacionamentos entre eles, em camadas sucessivas de detalhamento, para auxiliar a identificação de causalidades circulares, nós críticos e pontos de alavancagem na abordagem de problemas recalcitrantes. A MSA baseia-se na ciência de sistemas, sendo aplicável a processos nos quais exista a necessidade de compreensão de questões complexas para a tomada de decisão considerando-se os múltiplos fatores que condicionam e determinam uma situação problemática. O software Visual Understanding Environment foi utilizado para diagramar o sistema.
Resultados e Discussão O ambiente externo do modelo sistêmico foi representado como um mapa de sistemas que influenciam o cuidado à TB (mas nos quais não se pode intervir diretamente), como a sociedade como um todo, a organização político administrativa do Estado, a formação nuclear dos profissionais de saúde, a rede de serviços, organizações não governamentais da saúde e os órgãos de gestão fora da saúde Quanto ao núcleo do modelo sistêmico, foi retratado como um conjunto de subsistemas, como o território vivo, a gestão local, fontes e sistemas de informação, agentes e pessoas alvo do cuidado. O modelo revelou as principais circularidades que mantém a situação problemática, especialmente entre fontes e sistemas de informação, gestão local e agentes do cuidado, materializadas por grande concentração de relacionamentos entre eles. A necessidade de aperfeiçoamento contínuo e simplificação dos múltiplos sistemas de informação da TB e a aprendizagem reflexiva da gestão local e dos agentes do cuidado surgem como alternativas de alteração do cenário observado. Nesse sentido, a Educação Permanente em Saúde é uma ferramenta para a mudança individual e organizacional no cuidado à TB na APS.
Conclusões/Considerações finais Modelos sistêmicos dessa natureza podem ser aplicados em diversos ramos da Saúde Coletiva para a evidenciação de causas e tomada de decisão a respeito de problemas persistentes, seja por equipes de gestão ou de saúde. Ao destacar a interdependência entre as estruturas e os relacionamentos que formam os ciclos de resistência às tentativas pontuais de correção dos resultados desfavoráveis do tratamento TB na APS, o modelo aponta para a introdução, em sua própria estrutura, de processos de adaptação, também permanente, das equipes, da gestão e dos próprios usuários dos serviços, contrapondo-se assim àquela resiliência, através da Educação Permanente em Saúde.
Referências BRASIL. Ministério da Saúde. Departamento de HIVAIDS, Tuberculose e Infecções Sexualmente Transmissíveis. Boletim Epidemiológico: tuberculose 2024. Mar. 2024. Disponível em: https://www.gov.br/saude/pt-br/centrais-de-conteudo/publicacoes/boletins/epidemiologicos/especiais/2024/boletim-epidemiologico-de-tuberculose-numero-especial-mar-2024.pdf. Acesso em:28 mar. 2024.
SÁ CARVALHO, LC, SÁ CARVALHO, M. Complexidade e Ação Sistêmica na Saúde Coletiva. 231p.: il. In press.
SÁ CARVALHO, M et al.. Aedes aegypti control in urban areas:systemic approach to a complex dynamic. Plos Neglected Tropical Diseases.Jul, 2017 Disponível em: https://journals.plos.org/plosntds/article?id=10.1371/journal.pntd.0005632. Acesso em: 20 ago 2023.
WHO. Global Tuberculosis Report 2023. Geneva: World Health Organization, 2023. Disponível em: https://iris.who.int/bitstream/handle/10665/373828/9789240083851-eng.pdf?sequence=1. Acesso em: 18 jan. 2024.
Fonte(s) de financiamento: Não houve fonte de financiamento para a realização do trabalho.
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