53122 - POPULAÇÕES (IN)VISIBILIZADAS NAS ESCOLAS MÉDICAS BRASILEIRAS: UMA APROXIMAÇÃO A PARTIR DA EXPERIÊNCIA ESTUDANTIL ALINE BARRETO DE ALMEIDA NORDI - UFSCAR, GUILHERME BORGES SILVA - FACULDADE DE CIÊNCIAS MÉDICAS DA SANTA CASA DE SÃO PAULO, ADRIANO RODRIGUES LUZ - UFSCAR, CAROLINA FERREIRA - UFSCAR, RONY DA CONCEIÇÃO GOMES - UFSCAR, WILLIAN FERNANDES LUNA - UFSCAR, NATÁLIA SEVILHA STOFEL - UFSCAR, PEDRO MENDONÇA DE OLIVEIRA - FACULDADE DE CIÊNCIAS MÉDICAS DA SANTA CASA DE SÃO PAULO
Apresentação/Introdução As opressões vivenciadas por alunos de grupos minoritários nas universidades brasileiras, especialmente nos cursos de graduação em Medicina, onde a hegemonia da branquitude é acentuada, é um fenômeno estrutural e histórico, refletido no processo de exclusão e silenciamento desses grupos, reforçadores da disparidade no acesso à educação e saúde desses grupos. No ensino superior brasileiro a presença majoritária de pessoas brancas em detrimento de populações (in)visibilizadas, como negros (pretos e pardos), indígenas, imigrantes (ou refugiados humanitários), pessoas com deficiência (PCD) e estudantes LGBTQIA+, ainda se mantém. Essas desigualdades são um legado de violência, exploração e apagamento de povos originários, africanos escravizados e outras populações vulneráveis que constituem a grande maioria -marginalizada- da população brasileira. Neste cenário, as Políticas de Ação Afirmativa (PAA) foram implementadas e responsáveis pela ampliação do acesso dessas populações historicamente excluídas, as quais ainda estão em fase de expansão. Nesse contexto de luta por existência no ambiente universitário, o ingresso na universidade é apenas o primeiro dos diversos desafios, somam-se outras barreiras como: preconceitos, exclusão, dificuldades na permanência estudantil, como também humilhação e desencorajamento que parte do corpo docente e discente durante sua formação.
Objetivos Discutir as experiências de estudantes de populações (in)visibilizadas em cursos de Medicina.
Metodologia Revisão narrativa, com dados obtidos por meio de busca abrangente e não sistemática no Portal da CAPES. Realizou-se a busca dos artigos, leitura, inclusão dos textos pertinentes à temática e análise de dados. Nesta revisão, foram consideradas populações (in)visibilizadas: pessoas negras (pretas e pardas), indígenas, com deficiência (PcD) e LGBT+.
Resultados e Discussão Nos cursos de Medicina, os estudantes de populações (in)visibilizadas relatam preconceito multifacetado e transversal, acompanhados de um processo de exclusão social, afetando a saúde mental, o desempenho acadêmico e suas perspectivas de carreira, desafios que impactam negativamente suas experiências acadêmicas e pessoais. A falta de representatividade no corpo acadêmico intensifica a sensação de isolamento e invisibilidade, agravados pelas barreiras econômicas e a falta de suporte institucional, dificultam a permanência desses estudantes na universidade. As barreiras culturais e linguísticas são acentuadas particularmente para os imigrantes e refugiados humanitários, dificultando a sua integração e pertencimento acadêmico. Estudantes dessas populações convivem com episódios de agressões, estigmatização, exclusão social, oriundos do corpo docente como também discente, tendo assim questionados, a “legitimidade” de sua presença na universidade. Em busca de uma trajetória menos penosa, as redes de apoio, tanto formais quanto informais, incluindo grupos de estudo, coletivos de minorias, suporte psicológico, são estratégias de resistência e adaptação adotadas pelos estudantes para superar esses desafios. Assim, a criação de espaços seguros dentro da universidade, para compartilhar suas experiências e encontrar solidariedade foi destacada como um fator crucial de permanência e sucesso no curso. A implementação das PAA contribui ao acesso de estudantes de minorias ao ensino superior, mas as lacunas no suporte contínuo necessário hão de ser superadas a fim de promover equidade a tal grupo. Em um contexto de complexidade social, a interseccionalidade de determinantes sociais sugere a necessidade de abordagens específicas nas políticas de inclusão e suporte institucional.
Conclusões/Considerações finais As pessoas de populações (in)visibilizadas ingressaram nos cursos de Medicina das universidades públicas principalmente a partir de políticas de ações afirmativas (PAA), sendo essa presença fundamental para a promoção da equidade e justiça social na saúde. Contudo, obstáculos impactam sua experiência acadêmica e pessoal, limitando seu potencial de contribuição para a diversidade e inclusão no campo médico. É imperativo que as PAA sejam mantidas e ampliadas, garantindo um ambiente mais inclusivo e acolhedor. As universidades devem implementar estratégias para combater os desafios vivenciados por essas populações e valorizar a diversidade, para assim promover uma educação médica mais diversificada e equitativa. A valorização da diversidade cultural e a criação de redes de apoio são essenciais para superar as barreiras enfrentadas por esses estudantes, contribuindo para a formação de profissionais de saúde mais conscientes e preparados para atender às necessidades de uma sociedade plural.
Referências BORRET, R. H.; SILVA, M. F. da; JATOBÁ, L. R.; VIEIRA, R. C.; OLIVEIRA, D. O. P. S. de. “A sua consulta tem cor?” Incorporando o debate racial na Medicina de Família e Comunidade : um relato de experiência. Revista Brasileira de Medicina de Família e Comunidade, Rio de Janeiro, v. 15, n. 42, p. 2255, 2020. DOI: 10.5712/rbmfc15(42)2255.
FREDRICH, V.C.R.; SANTOS, H.L.P.C.; ROCHA, T.P.; SANCHES, L.C. Percepção de racismo vivenciado por estudantes negros em cursos de Medicina no Brasil: uma revisão integrativa da literatura. Interface (Botucatu). 2022; 26: e210677. DOI: 10.1590/interface.210677
SANTOS, D.B.R. Curso de branco: uma abordagem sobre o acesso e a permanência de estudantes de origem popular nos cursos de saúde da universidade federal do recôncavo da Bahia (UFRB). Revista Contemporânea de Educação, vol. 12, n. 23, jan/abr de 2017. DOI: 10.20500/rce.v12i23.3229
Fonte(s) de financiamento: FAPESP
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