Comunicação Coordenada

05/11/2024 - 13:30 - 15:00
CC2.8 - Práticas Inovadoras e Populares na Gestão do Trabalho e Educação em Saúde no SUS

49381 - O ENFRENTAMENTO DA DISCRIMINAÇÃO EM NÓS: EXPERIÊNCIA DA ESCOLA DE SAÚDE PÚBLICA DO ESTADO DE MINAS GERAIS (ESP-MG)
FERNANDA JORGE MACIEL - ESP-MG, BRUNO REIS DE OLIVEIRA - ESP-MG, LUÍSA DE-LAZZARI RESENDE - ESP-MG, MARIA DE LOURDES MENEZES - ESP-MG, LUCINEIA DE FÁTIMA MOREIRA - ESP-MG, PATRÍCIA DE OLIVEIRA - ESP-MG, GEÓRGIA ANDRADE - ESP-MG, RODRIGO MARTINS DA COSTA MACHADO - ESP-MG, VÍVIAN TATIENE NUNES CAMPOS - ESP-MG


Contextualização
A Escola de Saúde Pública do Estado de Minas Gerais (ESP-MG), instituição de ensino e pesquisa do e para o SUS, ao longo das décadas, tem passado por mudanças, de modo a acompanhar as transformações do campo da Saúde Coletiva. Em relação às populações vulnerabilizadas, poucos foram os avanços em termos institucionais. Nos últimos anos, a problematização desse tema tem sido fomentada pelas servidoras , que vem incorporando essa discussão pontualmente em cursos, pesquisas ou espaços gerenciais, com dificuldades para implementar estratégias de enfrentamento à discriminação desses grupos no âmbito das ações de ensino e pesquisa. No contexto de revisão de Plano de Desenvolvimento Institucional (PDI) para o ciclo 2024-2028, definiu-se dez objetivos prioritários, sendo um deles o de elaborar e instituir uma política de inclusão e acessibilidade (MINAS GERAIS, 2024). Como desdobramento disso, foi criado o Grupo Permanente de Diversidade, Acessibilidade e Inclusão (GDAI).

Descrição da Experiência
O GDAI é composto por dez trabalhadoras da ESP-MG e tem como atribuições: fomentar ações de promoção da igualdade de oportunidades, da inclusão e da participação equânime a trabalhadoras do SUS no âmbito da ESP-MG; elaborar diretrizes que busquem acolher a diversidade e promover a inclusão e acessibilidade; promover cultura organizacional inclusiva para além da instituição; elaborar e implementar Plano de Promoção da Diversidade, Acessibilidade e de Inclusão da ESP-MG (MINAS GERAIS, 2023). Para cumprir essas responsabilidades, foi estabelecida agenda quinzenal de encontros, por meio dos quais definiu-se 5 etapas para construção do plano: 1) levantamento de documentos de outras instituições, com ações e diretrizes para inclusão de grupos vulnerabilizados; 2) mapeamento de conceitos a serem abordados no plano, considerando-o também um material educativo; 3) realização de pesquisa sobre a percepção das trabalhadoras da ESP-MG em relação ao tema; 4) realização de oficinas para construção coletiva das diretrizes do plano; 5) redação e divulgação do documento final junto à comunidade interna e externa.

Objetivo e período de Realização
Relatar a experiência do trabalho que vem sendo desenvolvido pelo Grupo Permanente de Diversidade, acessibilidade e inclusão da ESP-MG no período de fevereiro a maio de 2024, com ênfase nas reflexões provenientes do que realizamos até o momento.

Resultados
Foram identificados 19 documentos, a partir dos quais vem sendo elaborada matriz de conceitos, com 24 termos. Para a pesquisa sobre a percepção das trabalhadoras, elaboramos formulário online com 16 questões, contendo escala de grau de concordância, com 54 respondentes até dia 13 de maio de 2024. Em análise preliminar, observamos que a ESP é considerada diversa e inclusiva para a maioria das respondentes (72,6% e 54,9%, respectivamente). 92,2% apontam a importância da representatividade dos diversos grupos nas ações realizadas na instituição. Ainda assim, 27,5% declaram ter testemunhado ou sido vítima de alguma situação de discriminação e apenas 45,1% consideram que a comunicação institucional leva em conta questões de diversidade, acessibilidade e inclusão. Para a 4ª etapa são previstas duas oficinas para: compartilhamento das respostas do formulário online, numa abordagem participativa, em que as pessoas discutirão suas próprias impressões; abordagem de conceitos-ferramentas por meio de formatos múltiplos; compartilhamento de práticas de inclusão em diferentes instituições; e discussão de diretrizes para o plano.

Aprendizado e Análise Crítica
Os encontros do GDAI têm funcionado como dispositivo de planejamento, de construção de soluções conjuntas e de aprendizado, considerando as distinas inserções e lugares de fala (RIBEIRO, 2017) das pessoas que o compõem. No processo, situações de discriminação apontam a urgência dessa discussão e nos convocam a agir. Um exemplo disso foi a baixa taxa de resposta de trabalhadoras terceirizadas, especialmente as que atuam nos serviços gerais, por não acessarem a informação e os recursos tecnológicos necessários à plena participação. São essas pessoas consideradas como parte efetiva da ESP? Isso nos levou a atuar no diálogo com diferentes setores para traçar estratégias de inclusão imediatas. Além disso, temos exercitado, constantemente, um movimento de nos colocar como “o outro” - tal qual nos aponta Grada Kilomba - esse outro que é posto fora e considerado diferente do padrão hegemônico de gênero, cor, classe, corporalidade etc. A escuta entre nós, que nesse grupo somos diversas (negras, pessoas com deficiência, LGBT+...), nos abre a esse movimento e nos toca afetivamente para o problema. Assim, ainda que isso esteja ocorrendo de forma tardia, apostamos, como instituição formadora do e para o SUS, no enfrentamento de nossos próprios processos internos de discriminação para que possamos falar sobre eles em qualquer espaço que nomearmos como educativo ou de cuidado.

Referências
MINAS GERAIS. ESCOLA DE SAÚDE PÚBLICA DO ESTADO DE MINAS GERAIS. Plano de Desenvolvimento Institucional – 2024/2028. Belo Horizonte: ESP-MG, 2024.
MINAS GERAIS. ESCOLA DE SAÚDE PÚBLICA DO ESTADO DE MINAS GERAIS. Portaria ESP nº 34, de 15 de dezembro de 2023. Institui o Grupo permanente de Diversidade, Acessibilidade e Inclusão, no âmbito da Escola de Saúde Pública (ESP-MG). Diário Oficial do Estado de Minas Gerais, Belo Horizonte, p.38-38, 2023.
KILOMBA, Grada. Memórias da plantação: episódios de racismo cotidiano. Rio de Janeiro: Cobogó, 2019.
RIBEIRO, Djamila. O que é lugar de fala?. Belo Horizonte: Letramento, 2017.


Realização:



Patrocínio:



Apoio: