Comunicação Coordenada

04/11/2024 - 17:20 - 18:50
CC2.2 - Políticas Públicas em Saúde Indígena: planejamento, uso de indicadores de saúde e educação permanente

53868 - EDUCAÇÃO EM SAÚDE SOBRE HANSENÍASE EM UMA COMUNIDADE RURAL DE IMIGRANTES INDÍGENAS: RELATO DE EXPERIÊNCIA
EDMÉRCIA HOLANDA MOURA - UNIVERSIDADE FEDERAL DO PIAUÍ (UFPI), LARA BEATRIZ DE SOUSA ARAÚJO - UNIVERSIDADE FEDERAL DO PIAUÍ (UFPI), ANA BEATRIZ DA COSTA ALMEIDA - UNIVERSIDADE FEDERAL DO PIAUÍ (UFPI), MICHELLE SANTOS MACÊDO - UNIVERSIDADE FEDERAL DO PIAUÍ (UFPI), EDUARDA MARIA SANTOS SILVA BARBOSA - UNIVERSIDADE FEDERAL DO PIAUÍ (UFPI), TELMA VIEIRA LIMA - UNIVERSIDADE FEDERAL DO PIAUÍ (UFPI), JOÃO VICTOR MOURA LINS - CENTRO UNIVERSITÁRIO FACID – WYDEN, LUIZ HENRIQUE MOURA LINS - CENTRO UNIVERSITÁRIO FACID – WYDEN, FÁBIO SOLON TAJRA - UNIVERSIDADE FEDERAL DO PIAUÍ (UFPI), OLÍVIA DIAS DE ARAÚJO - CENTRO DE INTELIGÊNCIA EM AGRAVOS TROPICAIS EMERGENTES E NEGLIGENCIADOS (CIATEN), UNIVERSIDADE FEDERAL DO PIAUÍ (UFPI)


Contextualização
A crise humanitária existente na Venezuela fez com que diversos cidadãos migrassem para o Brasil. Em Teresina, os imigrantes foram abrigados em alguns locais da cidade. O Povo Warao (liderada pela pessoa mais velha da comunidade, o Aidamo), da República Bolivariana da Venezuela, é a segunda etnia indígena mais populosa do país. A expressão Wa Arao, significa "povo das canoas" ou "navegantes". As famílias são formadas na relação entre os sogros, Arahi/Dabai, e os genros, Dawa. Ao se casarem, os homens passam a viver na comunidade das esposas, formando grandes grupos familiares. As mulheres são responsáveis pela redistribuição de alimentos (farinha) e recursos (artesanato) e o cuidado com as crianças; aos homens as atividades de pesca e construção de canoas. Com casas tradicionais (Hanoko), são palafitas interligadas por grandes passarelas; atividades tradicionais de subsistência (a pesca, artesanato e materiais feitos de palha de buriti). Somando à questão epidemiológica da cidade de Teresina-Piauí, junto à situação sanitária do abrigo em que eles vivem, a equipe da Estratégia de Saúde da Família, realizou uma ação de promoção da saúde e prevenção da hanseníase, para orientar as pessoas em relação aos cuidados com esse agravo. É transmitida pessoa a pessoa (gotículas de ar), o tratamento é realizado pelo Sistema Único de Saúde (SUS).

Descrição da Experiência
O relato de experiência foi construído, segundo a vivência de uma ação educativa, realizada por uma Equipe de Saúde da Família, localizada na Estaca Zero, zona rural, de Teresina-Piauí, com a população de indígenas refugiados e imigrantes Venezuelanos, da etnia Warao. A atividade foi realizada em espaço adequado, no local do abrigo, pela referida equipe que acompanhava o território. O abrigo acolhia dezenas de famílias venezuelanas, as quais eram assistidas pelo Estado. Atualmente, esse grupo não se encontra residindo na área de atuação da equipe. A ação educativa foi realizada pelos profissionais da equipe (médica, enfermeiro, técnica de enfermagem e agentes comunitários de saúde), por meio de uma roda de conversa, sobre os cuidados com a transmissão da Hanseníase e sua prevenção. Em seguida, foram realizados atendimentos individualizados, com busca ativa de lesões na pele e palpação de nervos periféricos para detecção oportuna da hanseníase. Para melhor entendimento e compreensão das atividades realizadas, o grupo possuía um líder, que atuava como interlocutor e intérprete dos indígenas, não falantes de português. Lembrando que durante as atividades buscou-se ter consciência sobre a cultura, valorizá-la a fim de criar um sentimento colaborativo. Para uma comunicação mais efetiva, utilizou-se panfletos e cartazes ilustrativos com informações claras e objetivas sobre a doença.

Objetivo e período de Realização
Objetivo: Relatar a experiência de uma equipe de saúde da família, com educação em saúde, sobre os cuidados na transmissão e prevenção da hanseníase, para uma população de indígenas refugiados, em Teresina-PI.
Período de realização: 22 de junho de 2023.


Resultados
A roda de conversa promoveu uma escuta qualificada da troca dos saberes e foram bastante elucidativas para a comunidade. A atividade educativa promovida proporcionou aos participantes, a ampliação dos conhecimentos sobre a Hanseníase, incluindo suas formas de prevenção e tratamento. Muitos relataram suas vivências e seus conhecimentos a respeito da doença e acreditavam anteriormente que a Hanseníase era transmitida pelo contato pele a pele. Foi abordado ainda orientações sobre a importância de cuidados higiênicos e hábitos saudáveis para promoção da qualidade de vida dessas pessoas e da saúde coletiva. Durante a atividade, foi possível esclarecer dúvidas e acolher os participantes. Para realizar a consulta médica ou do enfermeiro, a maioria dos participantes aceitaram passar pela consulta clínica. Além disso, foi ressaltado sobre o atendimento disponível na Unidade Básica de Saúde local, a fim de facilitar o acesso ao cuidado integral.

Aprendizado e Análise Crítica
A ação educativa para essa população vulnerável individual, social e institucionalmente, foi de suma importância para que os profissionais de saúde da equipe de saúde da família pudessem trabalhar com uma realidade e em um cenário totalmente diferente do que estão acostumados, compreendendo que se faz saúde e se fortalece o SUS em todos os territórios onde as pessoas necessitem. Foi possível também aprender sobre outras culturas, e como isso impactar na Saúde Pública e Coletiva. Assim, percebeu-se a importância da divulgação e educação em saúde relacionadas a doenças tropicais negligenciadas (DTNs) ou doenças determinadas socialmente, como é o caso da hanseníase, para qualificar o cuidado e fortalecer o SUS e a Atenção Primária em Saúde (APS). Ao promover a educação em saúde para a população menos favorecida e com fatores determinantes sociais, revelam a necessidade da construção de equipamentos com possibilidades de melhorar a qualidade de vida das pessoas. Além, do acolhimento e a escuta qualificada e individualiza, para obtenção de uma atenção mais integralizada e igualitária, independente da cultura vivenciada.

Referências
ALVES, H. J.; SOARES, M. R. P.; COSTA, R. R. S.; SANTOS, L. A. Saúde da Família, territórios quilombolas e a defesa da vida. Trabalho, Educação e Saúde, v. 21, e02209219, 2023.

CORRÊA, M. A. A Atuação da Defensoria Pública da União em favor dos migrantes Warao no Brasil. 2023. Trabalho de Conclusão de Curso Bacharel em Direito. Faculdade de Direito da Universidade de Brasília – UnB. 2023. 169 f.

Fonte(s) de financiamento: Recursos próprios.


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