Comunicação Coordenada

04/11/2024 - 17:20 - 18:50
CC2.2 - Políticas Públicas em Saúde Indígena: planejamento, uso de indicadores de saúde e educação permanente

48704 - DIAGNÓSTICO SITUACIONAL DE SAÚDE DA COMUNIDADE INDÍGENA GUARIBA, RORAIMA
LUAN RICHARDSON TAVARES DA SILVA - UFRR, PAULA TAINA BARBOSA ALVES - UFRR, ANA PAULA BARBOSA ALVES - UFRR, KRISTIANE ALVES ARAÚJO - UFRR, ARIOSMAR MENDES BARBOSA - UFRR, JULIANA PONTES SOARES - UFRR, MAXIM REPETTO - UFRR, GABRIELLE SILVEIRA ROCHA MATOS - UFRR, PAULO VICTOR BARBOSA ALVES - UFRR


Contextualização
A Comunidade Indígena Guariba, localizada na Terra Indígena Araçá, município de Amajarí em Roraima, enfrenta desafios significativos na área de saúde, principalmente devido a mudanças nos estilos de vida e aumento da exposição a fatores de risco para doenças crônicas não transmissíveis. Este cenário é agravado pela proximidade com centros urbanos e acesso facilitado a alimentos industrializados, contribuindo para uma transição nutricional que compromete a saúde tradicionalmente baseada em alimentos naturais e atividades físicas. A comunidade, composta pelas etnias Macuxi e Wapichana, requer estratégias de saúde que respeitem suas particularidades culturais e sociais. Assim, o diagnóstico situacional de saúde realizado como parte do estágio curricular do Curso de Bacharelado em Gestão em Saúde Coletiva Indígena visou identificar e abordar essas questões, enfocando a construção de um planejamento de saúde que integre os conhecimentos tradicionais e científicos para promover um bem-estar sustentável. Este diagnóstico é crucial para entender não apenas as necessidades imediatas, mas também para planejar intervenções de longo prazo que se alinhem com os princípios do Sistema Único de Saúde (SUS) e da Política Nacional de Atenção à Saúde dos Povos Indígenas, assegurando uma abordagem de saúde que seja culturalmente apropriada e eficaz.

Descrição da Experiência
A experiência relatada foi desenvolvida pelo egresso do Curso de Bacharelado em Gestão em Saúde Coletiva Indígena do Instituto Insikiran de Formação Superior Indígena da Universidade Federal de Roraima, entre 06 de novembro a 08 de dezembro de 2017. O estágio I foi realizado em estreita colaboração com a comunidade indígena Guariba, destacando-se o vínculo prévio do autor com o povo Wapichana e sua residência na comunidade. As informações foram coletadas através de entrevistas semiestruturadas com moradores, lideranças comunitárias e profissionais de saúde do Polo Base de Saúde Araçá. Os objetivos principais incluíram a caracterização do território e da população, identificação das instituições presentes e das principais necessidades e problemas de saúde da comunidade. Este levantamento de dados permitiu estabelecer prioridades e escolher um problema de saúde sobre o qual a comunidade tinha governabilidade, levando à proposição de uma intervenção. As atividades durante este período possibilitaram uma compreensão aprofundada da estrutura socioeconômica e cultural da comunidade, facilitando reflexões sobre suas potencialidades e limitações.- **Objetivo e Período de Realização:** O objetivo foi caracterizar as necessidades de saúde da Comunidade Indígena Guariba e propor ações de saúde adequadas. A realização ocorreu de 06 de novembro a 08 de dezembro de 2017.

Objetivo e período de Realização
O estudo teve por objetivo geral relatar a experiência de realização do Estágio I – Tempo Comunitário - Diagnóstico Situacional de Saúde realizado no território da comunidade indígena Guariba, Terra Indígena Araçá, município de Amajarí-RR no período de 06 de novembro a 08 de dezembro de 2017.

Resultados
A iniciativa de intervenção na Comunidade Indígena Guariba focada na promoção de hábitos alimentares saudáveis e atividades físicas regulares evidenciou resultados positivos, apesar de alguns desafios encontrados. Os problemas de saúde predominantes incluíram a alta prevalência de doenças crônicas não transmissíveis, como Diabetes Mellitus Tipo 2 e Hipertensão Arterial Sistêmica. Diante disso, o projeto de intervenção foi cuidadosamente elaborado para abordar essas questões por meio da educação para a saúde e do incentivo ao consumo de alimentos naturais e tradicionais da região. A intervenção resultou em um aumento na consciência sobre a importância da alimentação balanceada e da atividade física. Notou-se uma redução no consumo de alimentos industrializados e um aumento na participação em exercícios físicos, elementos essenciais para a prevenção de doenças crônicas. Essas mudanças comportamentais marcaram um avanço significativo na gestão da saúde da comunidade, demonstrando o potencial de estratégias de saúde pública adaptadas culturalmente para melhorar os resultados de saúde em contextos indígenas.

Aprendizado e Análise Crítica
Observou-se que na Comunidade Indígena Guariba uma alta incidência de doenças crônicas, impulsionando iniciativas de educação alimentar e incentivo ao exercício físico. Evidenciou-se a complexidade dos desafios da saúde indígena, influenciados por fatores geográficos, recursos disponíveis e dinâmicas culturais. A combinação de conhecimentos tradicionais com a medicina ocidental enriqueceu o diálogo, apesar de questionar práticas médicas estabelecidas. A participação comunitária foi essencial, destacando a importância de abordagens participativas e culturalmente adaptadas. O principal aprendizado foi a necessidade de estratégias de saúde que valorizem os saberes locais e empoderem a comunidade. A formação de gestores em saúde coletiva indígena além de focar em integrar respeitosamente práticas médicas com a cultura indígena para garantir intervenções eficazes e aceitas. Eles podem apoiar, planejar e executar atividades de promoção da saúde como as práticas de educação em saúde. Para tornar essas ações mais efetivas de saúde que promovam condições mais salutares nas comunidades indígenas, atuando na defesa de uma atenção à saúde diferenciada de qualidade em conjunto com os as equipes multidisciplinares de saúde indígena (EMSI). Para promover a saúde aos povos indígenas é preciso fortalecer à atenção primária, para combater situações e condições de vulnerabilidade.

Referências
BRASIL. Secretaria Especial de Saúde Indígena. Distrito Sanitário Especial Indígena – Leste Roraima. Análise do Plano Distrital de Saúde Indígena – 2020 a 2023. Roraima, 2020. Disponível em http://www.funasa.gov.br. Acesso em: 22/02/2021.
CHAGAS, C. A. et al. Prevalência estimada e fatores associados à hipertensão arterial em indígenas adultos Krenak do Estado de Minas Gerais, Brasil. Cadernos de Saúde Pública, v. 36, n. 1, p. e00206818, 2020. 1-15 p.
PAIM, J S. Planejamento em Saúde para não Especialistas. In. CAMPOS, G W S; et al. Tratado de Saúde Coletiva. 2ª ed. rev. aum. São Paulo: Hucitec, 2012. p.827-843. ISBN: 978-85-64806-56-6.
PEREIRA, E. L. et al. Planejamento estratégico situacional como ferramenta para promoção da saúde do homem: relato de experiência. Research, Society and Development, v. 9, n. 9, e668997821, 2020. Disponível em: https://rsdjournal.org/index.php/rsd/article/view/7821. Acesso em: 14/09/2023.

Fonte(s) de financiamento: Não se aplica


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