04/11/2024 - 13:30 - 15:00 CC2.1 - Saúde mental, cuidado emancipatório, vulnerabilizações históricas e lutas por direitos |
51912 - REDE DE CUIDADO E SAÚDE COLETIVA: O PAPEL DAS INTERVENÇÕES PSICOSSOCIAIS NOS DIREITOS HUMANOS MANUELLA YASMYM ALENCAR DE LIMA - UNICHRISTUS, ANA KAROLINE GADELHA GUIMARÃES - UNICHRISTUS, ANA BEATRIZ DE OLIVEIRA SOUSA - UNICHRISTUS, ARTHUR BRASILINO QUEIROZ PINTO MARTINS - UNICHRISTUS, LETÍCIA MELO SAMPAIO - UNICHRISTUS, MARIA EDUARDA LIMA CAVALCANTE - UNICHRISTUS, ANA VLÁDIA HOLANDA CRUZ - UNICHRISTUS
Contextualização
A extensão "Psicologia, Criminologia Crítica e Direitos Humanos" surge em resposta à crescente violência e violações de direitos humanos, afetando especialmente defensores destes que atuam em regiões conflituosas. A exposição constante a situações de risco compromete a saúde mental dos defensores, tornando urgente a necessidade de intervenções que promovam seu bem-estar. O projeto respondeu a esse objetivo, integrando abordagens de psicologia e criminologia crítica para oferecer suporte emocional e acolhimento. Por meio de intervenções psicossociais estruturadas e colaborativas com organizações da sociedade civil, o projeto focou na segurança pública e nos direitos à memória e à justiça. Uma parceria central é o Fórum Popular de Segurança Pública do Ceará (FPSP–CE), onde foi desenvolvida uma rede de cuidado voltada especificamente para esses defensores. Essa rede foi criada para atender as necessidades individuais e coletivas dos defensores dos direitos humanos, promovendo um ambiente de suporte mútuo e fortalecimento comunitário. A abordagem de saúde coletiva busca transcender o cuidado individual, impactando positivamente a comunidade como um todo. A integração dessas perspectivas é fundamental para construir ambientes mais seguros e humanizados, reforçando a importância de políticas públicas que sustentem e ampliem essas iniciativas.
Descrição da Experiência
O projeto envolveu uma série de intervenções psicossociais em colaboração com organizações da sociedade civil, focando em criar um ciclo de oficinas e vivências para a promoção da saúde mental de lutadores e lutadoras sociais. Uma das principais parcerias é com o FPSP–CE, com o qual foi desenvolvida uma rede de cuidado voltada para defensores dos direitos humanos. Esta rede foi criada para oferecer suporte emocional e acolhimento, atendendo às necessidades individuais e coletivas desses defensores, e promovendo um ambiente de suporte mútuo e fortalecimento comunitário. Os encontros foram intitulados, em ordem de realização, “Corpo, equilíbrio e movimento: vivência em dança livre”, “Saberes e práticas ancestrais: as plantas como ferramenta de autocuidado”, “Percebendo e nutrindo as nossas emoções: a alimentação e o humor” e “Encontro com a natureza: descobrindo caminhos para redução de danos”. Cada encontro foi planejado para abordar diferentes aspectos do autocuidado e do bem-estar, proporcionando aos participantes ferramentas práticas e teóricas para fortalecer sua saúde mental e emocional. Ao integrar essas atividades no contexto de saúde coletiva, o projeto conseguiu impactar positivamente tanto os indivíduos diretamente envolvidos quanto a comunidade mais ampla.
Objetivo e período de Realização
O objetivo central do projeto foi promover a saúde mental e a saúde coletiva dos defensores dos direitos humanos, além de prevenir a violência por meio de intervenções psicossociais e colaboração com organizações da sociedade civil. O projeto foi realizado entre março e dezembro de 2023, período no qual diversas atividades foram implementadas e acompanhadas em diferentes bairros na cidade de Fortaleza/CE.
Resultados
Os resultados alcançados nessas oficinas e vivências ofereceram suporte e construção de uma rede de cuidado que necessita ser contínua, sendo essencial para resiliência e a eficácia dos defensores dos direitos humanos em seu trabalho cotidiano. As intervenções psicossociais realizadas resultaram em uma melhoria significativa no bem-estar emocional dos participantes, com relatos de redução do estresse, percepção sobre a importância do autocuidado, aumento da resiliência e discussão de novas pautas sobre atuação na defesa dos direitos humanos. Além disso, o projeto fortaleceu a cooperação entre organizações da sociedade civil, potencializando ações conjuntas na promoção dos direitos humanos e na segurança pública. A integração de uma perspectiva de saúde coletiva mostrou-se eficaz, não só no cuidado individual, mas também na criação de ambientes comunitários mais saudáveis e seguros. Ao promover aspectos da saúde coletiva, o projeto contribuiu para a construção de uma rede de suporte que fortaleceu a capacidade de resposta e a coesão social, essencial para enfrentamento dos desafios de contextos de violência e violações de direitos humanos.
Aprendizado e Análise Crítica
A experiência proporcionou a percepção de que contexto de vulnerabilidade exige uma integração da saúde mental e coletiva, reconhecendo que o bem-estar individual impacta diretamente na comunidade e vice-versa. A criação de espaços seguros para discussões e apoio emocional revelou-se essencial para fortalecer as capacidades individuais e coletivas dos defensores, demonstrando que a saúde mental é um componente crucial da saúde coletiva. O projeto evidenciou que intervenções psicossociais eficazes beneficiam não apenas os indivíduos diretamente envolvidos, mas também têm um impacto positivo na comunidade mais ampla, criando um ambiente de suporte e solidariedade. Uma análise crítica do projeto aponta para a necessidade de expansão e continuidade dessas iniciativas, integrando o suporte psicológico e as intervenções psicossociais nas estratégias permanentes de promoção dos direitos humanos e da segurança pública. Destacou-se a importância de políticas públicas sustentáveis que garantam recursos adequados para manter e ampliar essas redes de cuidado, sublinhando a necessidade de campanhas de conscientização sobre a importância do cuidado com a saúde mental como parte integrante da saúde coletiva. Assim, o projeto não apenas promoveu o bem-estar individual, mas também contribuiu para a construção de um ambiente comunitário mais seguro e humanizado.
Referências
AGUIAR, Silvia Gomes; RONZANI, Telmo Mota. Psicologia social e saúde coletiva: reconstruindo identidades. Psicol. pesq., Juiz de Fora , v. 1, n. 2, p. 11-22, dez. 2007 . Disponível em .
FERREIRA NETO, J. L.. Intervenção psicossocial em saúde e formação do psicólogo. Psicologia & Sociedade, v. 20, n. 1, p. 62–69, jan. 2008. Disponível em: .
DITTRICH, A.. Psicologia, direitos humanos e sofrimento mental: ação, renovação e libertação. Psicologia: Ciência e Profissão, v. 18, n. 1, p. 46–55, 1998.
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